Dia D para a o futuro da Colômbia
Povo vai às urnas votar o plebiscito sobre acordo histórico firmado entre o governo e as Farc
A Colômbia vota neste domingo um plebiscito sobre o histórico acordo de paz para superar 52 anos de um brutal confronto com a guerrilha marxista Farc. O acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) coloca, praticamente, um ponto final ao último conflito armado no Ocidente, uma complexa rede de violência entre guerrilhas, grupos paramilitares e agentes estatais, com um saldo de 260 mil mortos e 6,9 milhões de deslocados.
“A Colômbia aposta tudo nesse plebiscito, no social, no econômico e no político”, disse o diretor do centro de análises Cerac, Jorge Restrepo. O governo de Juan Manuel Santos afirmou que não tem um plano B, se os eleitores rejeitarem o pacto, mas as pesquisas indicam que o “sim” à pergunta “você apoia o acordo final para o término do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura?” ganhará com ampla vantagem.
O acordo
“Chega de guerra!”, dizem os colombianos, apesar de muitos resistirem a fazer concessões para as Farc. A guerrilha ainda é considerada um grupo terrorista pelos Estados Unidos e União Europeia, embora esta última tenha anunciado sua intenção de suspendê-la de sua lista, em apoio ao pós-conflito.
Alcançado após quase quatro anos de árduas negociações em Cuba, o acordo foi selado na segunda-feira passada em uma cerimônia solene em Cartagena. Nela, o chefe rebelde Rodrigo Londoño (“Timochenko”) pediu perdão às vítimas, e o presidente Santos deu as boas-vindas à vida democrática das Farc, no caminho para ser um movimento político legal.
Se o acordo for aprovado, 5.765 combatentes das Farc, segundo números da guerrilha, deverão se concentrar em 27 locais do país para seu desarmamento e posterior reinserção na vida civil. Esse processo de seis meses será supervisionado pela ONU.
Em março deste ano, governo e rebeldes anunciaram sua intenção de instalar negociações formais. Elas ainda não se concretizaram porque Santos impõe o fim da prática do sequestro. Segundo fontes oficiais, essa guerrilha mantém ao menos três cativeiros nas selvas e nas montanhas do país.
“Paz completa. Com imaginação e esforço é agora alcançável”, assinalou em entrevista coletiva na última sexta, em Bogotá, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, pedindo ao ELN que prorrogue o cessar-fogo.