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Forças iraquianas se preparam para tomar cidade cristã perto de Mossul

Ofensiva, a mais importante entre as realizadas nos últimos anos pelas forças de Bagdá, avançou rapidamente em dois dias

Alceu ValençaAlceu Valença - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

As forças governamentais iraquianas se preparavam nesta quarta-feira (19) para tomar do grupo Estado Islâmico (EI) a maior cidade cristã do Iraque, o que constituiria um importante progresso na ofensiva em direção a Mossul, reduto dos extremistas no país.

As tropas federais entraram na terça-feira (18) em vários bairros de Qaraqosh, provocando manifestações de alegria entre os cristãos que se refugiaram há dois anos em uma região curda próxima.

Mas os extremistas seguem presentes nesta cidade, onde restam poucos civis.

A ofensiva, a mais importante entre as realizadas nos últimos anos pelas forças de Bagdá, avançou rapidamente em dois dias, mas o presidente americano Barack Obama - assim como outros líderes ocidentais - prevê uma batalha difícil.

As forças iraquianas recebem o apoio da coalizão internacional dirigida pelos Estados Unidos que, além de sua aviação, tem em campo militares em trabalhos de treinamento.

Neste contexto, a Rússia advertiu nesta quarta-feira a coalizão a não expulsar os "terroristas" do EI do Iraque em direção à Síria.

"É necessário não expulsar os terroristas de um país para o outro, e sim abatê-los no local", declarou em um comunicado o chefe do Estado-Maior russo, o general Valery Gerasimov.

Segundo oficiais iraquianos, as unidades antiterroristas de seu país estão prestes a expulsar os extremistas de Qaraqosh, situada 15 km a sudeste de Mossul.

"Cercamos agora Hamdaniya", declarou à AFP o tenente Riyadh Tawfiq, comandante das forças terrestres iraquianas, na base de Qayyarah - de onde grande parte da ofensiva é organizada -, referindo-se ao distrito que inclui Qaraqosh.

"Preparamos um plano para lançar um ataque e limpar" a cidade, afirma.

Na noite de terça-feira em Erbil - capital do Curdistão iraquiano - centenas de cristãos iraquianos, que precisaram fugir em 2014 de Qaraqosh (também conhecida como Bajdida), celebraram com danças e cânticos a operação do exército para reconquistar a cidade.

Um símbolo

"Hoje é um dia feliz. Não há dúvida de que nossa terra será liberada, e agradecemos a Deus, a Jesus Cristo e à Virgem Maria", declarou Hazem Djedjou Cardomi, um jornalista presente entre os fiéis.

Um total de 50.000 pessoas viviam nesta localidade, situada na província de Nínive, a leste de Mossul, antes da ofensiva do EI em agosto de 2014 que obrigou a maioria da população a fugir, em geral ao Curdistão.

Qaraqosh era a maior das cidades cristãs do Iraque, e por isso tem um caráter simbólico, segundo Faraj Benoit Camurat, presidente de Fraternidade no Iraque, ONG que apoia as minorias neste país.

Um total de 300.000 cristãos ainda estariam presentes no Iraque.

Antes de alcançar os subúrbios de Mossul - segunda cidade do país, nas mãos do EI desde junho de 2014 -, onde estariam entrincheirados entre 3.000 e 4.500 extremistas fortemente armados, as forças iraquianas devem atravessar territórios controlados pelo EI.

Autoridades militares iraquianas indicaram que várias localidades do distrito de Al Shura, ao sul de Mossul, já foram retomadas.

Famílias inteiras que recuperaram sua liberdade de movimento pela primeira vez em dois anos se aproximavam prudentemente das forças militares iraquianas, agitando bandeiras brancas, enquanto outras permaneciam em suas casas.

A maioria dos homens de uma destas localidades usavam longas barbas porque o EI proíbe que se barbeiem. Um de seus habitantes, Abu Abdullah, pediu a um policial um cigarro, também proibido sob o "reino" do EI.

Inquietação pelos civis

Mas o futuro dos habitantes de Mossul preocupa a ONU, que teme que o EI retenha civis "contra a sua vontade" e os utilize como "escudos humanos".

Um total de 200.000 pessoas podem se deslocar "nas duas primeiras semanas", número que pode aumentar significativamente à medida que a ofensiva avance, segundo a ONU.

Até agora apenas algumas dezenas de famílias puderam abandonar Mossul desde o início da operação.

Grupos maiores deixaram as zonas ao redor de Mossul, e alguns deles estão dispostos inclusive a ir à Síria, apesar da guerra travada no país vizinho.

"Milhares de iraquianos fogem a um acampamento de refugiados sírio já lotado para poder escapar da ofensiva contra Mossul", indicou nesta quarta-feira a ONG Save the Children.

Um total de 5.000 civis chegaram nos últimos dias ao acampamento de Al-Hol, situado na Síria a poucos quilômetros da fronteira iraquiana.

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