Grupo protesta contra formatura de aluno da USP acusado de estupro
Estudante é processado criminalmente por estupro de duas mulheres -uma delas do curso de enfermagem, em 2012.
Estudantes da USP (Universidade de São Paulo) fizeram um protesto nesta quarta-feira (9) contra a formatura de um aluno de medicina que é processado por estupro de universitárias.
Cerca de 50 alunas participaram do ato dentro Faculdade de Medicina da USP (zona oeste), onde ele estuda.
O estudante é processado criminalmente por estupro de duas mulheres -uma delas do curso de enfermagem, em 2012.
Outros quatro casos supostamente cometidos pelo mesmo aluno foram denunciados durante uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigou estupros dentro da USP. As denúncias não foram levadas à polícia, e o aluno não responde criminalmente por eles.
O universitário, que é ex-policial militar, conseguiu uma liminar na Justiça que lhe deu direito de realizar uma prova. Essa avaliação era a última etapa que faltava para que ele concluísse o curso. Antes, ele havia ficado suspenso da universidade por um ano e meio.
Para se tornar médico, basta apenas que o acusado passe por uma colação de grau.
"A gente quer impedir a colação de grau dele. A USP se acovardou e deixou ele fazer uma prova, a partir de uma liminar. Não dá para aceitar que um homem que estuprou seis mulheres se forme como médico", diz Luiza Ribeiro, 30, aluna do quarto ano de medicina e uma das organizadoras do protesto.
"Se ele se formar, poderá atuar como médico normalmente por muitos anos", diz Marina Ganzarolli, doutoranda em direito pela USP e também organizadora da manifestação.
Em nota, a Faculdade de Medicina da USP afirma que o caso "está em análise jurídica para verificar se existe a obrigatoriedade de conceder a colação de grau ao aluno após ele ter cumprido integralmente a suspensão que lhe foi imposta".
"Vale ressaltar, ainda, que o caso segue na Justiça", diz a nota.
CONSELHO DE MEDICINA
Em nota nesta tarde, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) afirmou que vai indeferir o registro profissional (CRM) caso o universitário consiga terminar o curso.
"A decisão ressalta que o Cremesp não pode se furtar à sua missão e responsabilidade legal de proteger a medicina e a sociedade, como bens maiores e absolutamente indissociáveis", afirmou.
A superintendência jurídica do órgão solicitou a USP cópia do processo administrativo envolvendo o aluno, para "análise dos documentos e posterior decisão final".
"Um cidadão que, durante a faculdade de Medicina é formalmente acusado de estupro por colegas de graduação -se comprovada sua conduta- não pode ter o direito de exercer esta sagrada profissão, ligada, diretamente, à vida e à dignidade", diz o Cremesp.
A reportagem não conseguiu contato com o estudante. Procurado por e-mail, seu advogado, Daniel Casagrande, não respondeu até a publicação deste texto.