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Maduro cruzou fronteira ao prender vice-presidente do Parlamento, diz opositor

Juan Andrés Mejía preside a comissão do Plano País e da Operação Liberdade, como foram batizadas as operações dos opositores liderados por Juan Guaidó

Nicolás MaduroNicolás Maduro - Foto: Juan Barreto/AFP

"A ditadura cruzou uma fronteira ao prender Edgar Zambrano. Nunca tinham prendido um parlamentar de cargo alto no exercício de seu mandato de forma tão grotesca, ilegal e inconstitucional", disse, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o deputado oposicionista venezuelano Juan Andrés Mejía, 32.

Ele preside a comissão do Plano País e da Operação Liberdade, como foram batizadas as operações dos opositores liderados por Juan Guaidó para pressionar a ditadura de Nicolás Maduro.

Mejía se referiu à prisão, na noite de quarta-feira (8), do vice-presidente da Assembleia Nacional, que foi guinchado dentro de seu veículo por agentes do Sebin (Serviço de Inteligência Bolivariana).

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Segundo informações de assessores da oposição, Zambrano teria sido levado ao Helicoide, obra arquitetônica icônica de Caracas, transformada atualmente em prisão política.

"A prisão de Zambrano é um indicativo, entre outros, de que não há vontade de dialogar por parte de Maduro, muito menos de restabelecer a democracia. Isso deveria ser reconhecido pela comunidade internacional, que o diálogo já não é mais possível", disse.

O deputado, que também tem uma sentença já emitida pelo Superior Tribunal de Justiça, diz não temer ser preso. "Não deixaremos de atuar mesmo que alguns de nós sejam presos. Maduro só vai poder diluir a Assembleia Nacional se prender a todos nós. Creio que a comunidade internacional deve levar essa possibilidade muito a sério e atuar."

O deputado afirmou ainda que Maduro cometeu um erro ao prender Zambrano, "porque isso une ainda mais a oposição, apaga as diferenças entre nós em busca de um objetivo comum".

Estendendo o assunto para a América Latina, ele crê que o que está em jogo hoje na Venezuela é "como as nossas democracias lidam com ditadores no século 21". "Se não conseguirmos tirar Maduro, abriremos as portas para que qualquer outro ditador na região possa fazer a mesma coisa. A responsabilidade é de todos os países."

Para ele, ainda, os eventos do dia 30 de abril -quando os líderes opositores Juan Guaidó e Leopoldo López, junto a um grupo de militares dissidentes, convocaram as pessoas às ruas na tentativa de depor o regime atual- mostraram que "Maduro não está tão fortalecido como parece, e o descontentamento das Forças Armadas é cada vez maior. Vai chegar a um ponto em que a permanência no poder de Maduro se mostrará insustentável."

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