Mais de 2 mil pessoas evacuadas de bairro rebelde de Damasco, na Síria
Evacuação objetiva pôr fim à presença armada no bairro
Mais de 2.000 civis e insurgentes foram retirados neste domingo de um bairro rebelde de Damasco, de acordo com os meios de comunicação sírios.
A evacuação do bairro de Qabun é a terceira retirada de pessoas de distritos rebeldes de Damasco, ocorrida anteriormente em outros dois bairros, Barzé e Teshrin, controlados por insurgentes desde 2012.
"A primeira fase do acordo no bairro de Qabun terminou com a saída de 2.289 pessoas, dentre as quais existiam 1.058 homens armados", declarou o governador de Damasco, Beshr Asaban, citado pela agência síria de notícias Sana.
A evacuação tem como objetivo "pôr fim à presença armada no bairro", ressaltou.
Um correspondente da AFP relatou ter visto neste domingo dez ônibus transportando os rebeldes e suas famílias.
Os meios públicos informaram neste sábado que o governo sírio teria entrado em um acordo com os insurgentes para que esses fossem evacuados de Qabun, após o avanço das tropas do regime nesse setor.
Um militante que estava próximo ao local havia confirmado que a operação já tinha começado. "Os ônibus estão prontos, e aguardam no local controlado pelo regime"
contou à AFP Odai Awdeh.
- Túneis entre bairros -
Exatamente na divisa do bairro, duas mulheres se abraçavam e choravam antes de se separar. Suad, de 22 anos, partia com sua família para a província de Idlib, deixando a sua amiga Mona, também de 22 anos, que continuará em Damasco.
"Não queria ir. Devo ir com a minha família, e eles preferem ir a Idlib desde que meu tio se mudou para lá após ter deixado Barzé", explicou Suad, antes de se misturar à multidão que se preparava para embarcar nos ônibus.
Na sexta-feira, mais de 1.200 civis e insurgentes foram evacuados dos bairros de Barzé e Teshrin, em direção à província de Idlib.
Além de Barzé, Qabun e Teshrin, os rebeldes estão presentes em outros três bairros da capital síria, Jobar, Tadmun e Yarmuk.
Um soldado do exército mostrou um túnel que servia aos combatentes rebeldes como local para guardar mantimentos e armas. "Tinha dez metros de comprimento, dois metros de altura, e unia Qabun a Erbin", controlado pelos rebeldes na região da Ghuta oriental, próxima a Damasco.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), várias famílias de rebeldes conseguiam percorrer o túnel para abandonar Ghuta e chegar a Qabun, de onde poderiam pegar um ônibus até Idleb.
Mais de 320.000 pessoas já morreram na Síria desde que começaram as revoltas contra o regime, em 2011, que se transformaram em uma guerra civil vivida sob dura repressão.