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Milhares de emigrantes são salvos no Mediterrâneo três anos depois de Lampedusa

"Estavam a ponto de se afogar. Foi um momento terrível", contou em um comunicado Nicolas Papachrysostomou, coordenador da organização MSF

OdebrechtOdebrecht - Foto: Agência Brasil

Ao menos 6.055 emigrantes que tentavam entrar na Europa cruzando o Mediterrâneo foram salvos nas últimas 24 horas, informou nesta segunda-feira a Guarda Costeira da Itália, coincidindo com o terceiro aniversário do espantoso naufrágio de Lampedusa.

Os socorristas resgataram 39 embarcações, entre elas cinco barcos de pesca, várias barcaças e botes infláveis, a bordo dos quais foi encontrado um cadáver, indicou um porta-voz da central operacional da Guarda Costeira.

No total, nove pessoas morreram durante a perigosa travessia, que compreende uma somatória de riscos mortais além do afogamento no mar: asfixia por emanação de combustível nos porões dos barcos, queimaduras, hipotermia e desidratação aguda, entre outros.

A maioria dos emigrantes zarpou da costa da Líbia em embarcações com centenas de crianças a bordo e estava a 30 milhas náuticas de Trípoli.

As operações de resgate foram realizadas no dia em que se recorda o terceiro aniversário da morte de 366 pessoas em um naufrágio perto da ilha italiana de Lampedusa, entre os mais graves ocorridos no Mediterrâneo.

Em 3 de outubro de 2013, uma barcaça que partiu do norte da África em direção ao litoral europeu afundou com ao menos 518 migrantes procedentes de Somália e Eritreia, deixando 366 mortos, 155 sobreviventes e um número não determinado de desaparecidos.

"Há três anos era uma tragédia italiana, hoje é uma operação europeia", declarou o ministro do Interior, Angelino Alfano, durante uma cerimônia na ilha siciliana, emblema do drama da emigração.

Queimaduras mortais
As primeiras embarcações resgatadas nesta segunda foram vistas antes do amanhecer, entre elas um barco de pesca com 700 pessoas a bordo, e inúmeras crianças.

Além da Guarda Costeira, barcos das organizações humanitárias como Médicos Sem Fronteiras (MSF), SOS Mediterrâneo, Save the Children e Proactiva Open Arms participam das operações de resgate com o apoio de navios militares.

O MSF contou por Twitter que em uma das lanchas várias pessoas estavam quase se afogando e muitos sofreram queimaduras devido ao combustível.

"Estavam a ponto de se afogar. Foi um momento terrível", contou em um comunicado Nicolas Papachrysostomou, coordenador da organização MSF.

Duas mulheres e uma criança de oito anos foram evacuadas na operação, mas uma das mulheres, ferida com gravidade pelo combustível, morreu antes que o helicóptero chegasse.

A vítima estava grávida, informou MSF. O líquido interage quimicamente com a água provocando feridas muito graves.

A intensa operação em pleno mar acontece depois de várias semanas de relativa calma.

Mais de 11.000 mortos desde Lampedusa
A tragédia de Lampedusa, as imagens dos caixões alinhados e a dor pelos desaparecidos no Mediterrâneo levaram a Itália a lançar a operação "Mare Nostrum" de socorro marítimo, que foi substituída por um dispositivo europeu que conta também com uma flotilha de barcos de organizações humanitárias.

Graças a esses esforços, centenas de milhares de pessoas já foram resgatadas desde então, ainda que não tenham conseguido evitar a morte de 11.400 emigrantes no mar Mediterrâneo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Em março de 2015, a Itália aprovou uma lei que fixa o dia 3 de outubro como o "Dia nacional da memória e da hospitalidade", em homenagem a todos os emigrantes que morreram.

Em Lampedusa, 200 jovens de diversos países europeus marcharam junto a sobreviventes dos naufrágios e familiares para homenagear as vítimas.

Desde a tragédia de Lampedusa, a Itália já recebeu 467.000 migrantes, segundo cálculos do Acnur.

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