Logo Folha de Pernambuco
Mundo

ONGs pedem que Brasil tire incentivo ao uso de energia baseada em carvão

Governo pode subsidiar termelétricas caso uma Medida Provisória seja aprovada

Prefeitura de CatendePrefeitura de Catende - Foto: AMCS/MPPE

A Conferência do Clima em Marrakech (COP) está apenas no seu segundo dia e o Brasil já está sendo cobrado pela incoerência entre seu discurso internacional e a prática nas políticas internas.

Desta vez a crítica se dirige à possibilidade de o governo subsidiar termelétricas movidas a carvão, caso a Medida Provisória 735 seja sancionada pelo presidente Michel Temer. O texto, que trata privatizações do setor elétrico, embute no artigo 20 um incentivo de R$ 5 bilhões às termelétricas movidas a carvão mineral.

A reportagem teve acesso antecipado ao Eco, boletim que começa a circular nesta manhã ente as negociações da COP e que critica a escolha do Congresso brasileiro, fazendo um apelo pelo veto.

"O mundo está assistindo ao que acontece no Brasil e esperando coerência de um país que tem todo o potencial para ser um dos primeiros a alcançar 100% de energias renováveis", cobra o texto, endossado por mais de 100 organizações internacionais sob a sigla CAN (Climate Action Network).

Cavar

Intitulado "Primeira regra quando você está em um buraco: pare de cavar", o texto também traz o contexto internacional e cobra países como Japão e Turquia a buscar fontes alternativas de energia. Quem frequenta as anuais Conferências Clima está acostumado a receber um exemplo do boletim, que pauta as conversas pelos corredores da COP.

Segundo a Associação Brasileira do Carvão Mineral, o incentivo ao carvão garantiria "energia firme e barata" para o país. Já organizações ambientalistas são unânimes em condenar a opção, que sairia cara para o clima e para a saúde pública.

"As indústrias de combustíveis fósseis já perceberam que seu tempo está se esgotando e estão fazendo o possível para prolongar sua existência", explica Pedro Telles, coordenador de Clima e Energia do Greenpeace. Para Telles, é justamente o contexto de progresso no acordo climático que gera a reação dos produtores de combustíveis fósseis.

"Mas se a gente quiser se comprometer com o Acordo de Paris e agir sobre as mudanças climáticas, que já mostram suas consequências pelo mundo, precisamos combater a fonte de energia mais suja que existe", conclui.

Veja também

Newsletter