Potências mundiais se reúnem em Paris contra uso de armas químicas na Síria
Esta reunião é realizada um dia após novas acusações contra o regime sírio de um novo ataque químico em uma cidade de Guta Oriental
Representantes de cerca de 30 países, incluindo o chefe da diplomacia americana Rex Tillerson, se reúnem nesta terça-feira (23) em Paris para solicitar sanções contra os responsáveis pelo uso de armas químicas na Síria após um veto da Rússia na ONU.
Tillerson e seu colega francês, Jean-Yves Le Drian, também vão liderar um encontro de ministros para lançar as bases de uma iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, que quer criar um grupo de contato sobre a Síria que reúna os cinco membros do Conselho de Segurança de a ONU e os países da região.
Leia também:
Rússia destrói último lote de armas químicas
Síria nega acusações da ONU de que usou armas químicas
Esta reunião é realizada um dia após novas acusações contra o regime sírio de um novo ataque químico em uma cidade de Guta Oriental, enclave rebelde a leste de Damasco, onde foram registrados ao menos 21 casos de asfixia. Em razão deste suposto ataque, os Estados Unidos criticaram severamente a Rússia, acusando Moscou de não ser capaz de controlar seu aliado Bashar al-Assad.
O regime foi acusado em várias ocasiões de ter usado armas químicas. A ONU estabeleceu após uma investigação que Asad foi responsável por um ataque com gás sarin em abril de 2017 contra a aldeia de Khan Sheikun, controlada pela oposição, que deixou pelo menos 80 mortos.
Desde 2012, foram registrados pelo menos 130 ataques com armas químicas na Síria, de acordo com estimativas francesas. Um mês depois de sua eleição em maio de 2017, Macron advertiu que as armas químicas eram uma "linha vermelha" que provocaria uma resposta da França se fossem usadas novamente, embora não especificasse qual seria essa resposta.
Na reunião desta terça-feira, os países se comprometerão a compartilhar informações e a estabelecer uma lista de pessoas envolvidas no uso de armas químicas na Síria e em outros países. Sanções também podem ser aplicadas, como o congelamento de bens e a proibição de entrada em certo número de países, bem como processos penais a nível nacional.
A iniciativa francesa acontece depois que a Rússia usou duas vezes o seu veto na ONU para bloquear a renovação de uma investigação realizada por especialistas internacionais sobre o uso de armas químicas na Síria. "Hoje, a situação está bloqueada no mais alto nível internacional", disse um membro da equipe de Le Drian. "Os responsáveis de ataques químicos devem saber que poderão ser processados e que não os deixaremos escapar", acrescentou.
A França anunciou antes da reunião que congelou os ativos de 25 empresas e executivos sírios, franceses, libaneses e chineses acusados de ajudar o regime sírio a desenvolver o uso de armas químicas.
Trata-se principalmente de importadores e distribuidores de metais, eletrônicos e sistemas de iluminação domiciliados em Beirute, Damasco ou Paris. No entanto, a lista não inclui autoridades do regime sírio. "Não temos elementos hoje que nos permitam iniciar esses procedimentos ao nível das autoridades políticas sírias", admitiu o Ministério das Relações Exteriores francês.
A Rússia também busca, juntamente com o Irã e a Turquia, construir uma saída para este conflito que já custou mais de 340 mil vidas desde 2011. Espera concretizar uma iniciativa de paz durante uma cúpula em Sochi, a ser realizada nos dias 29 e 30 de janeiro. Os Estados Unidos anunciaram no dia 17 de janeiro que suas tropas permanecerão na Síria até a derrota total do grupo jihadista do Estado Islâmico.