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Presidente peruano empossa novos ministros, entre eles fujimorista dissidente

Na cerimônia de posse, Vizcarra abraçou e foi fotografado com os membros de seu novo gabinete, que substituiu o liderado por Salvador del Solar

O presidente do Peru, Martín VizcarraO presidente do Peru, Martín Vizcarra - Foto: Juan Pablo Azabache/Andina/AFP

O presidente peruano, Martín Vizcarra, empossou nesta quinta-feira (3) seus novos ministros, entre eles um fujimorista dissidente, enquanto os parlamentares destituídos exigem antecipar as eleições presidenciais de 2021, embora tenham arquivado essa proposta cinco dias antes da dissolução do Congresso.

Em sua primeira atividade pública desde que dissolveu o parlamento na segunda-feira, Vizcarra fez um juramento a seus 19 ministros, incluindo o chefe de gabinete Vicente Zevallos; o fujimorista dissidente Francesco Petrozzi como chefe da Cultura; e o ministro das Relações Exteriores Gustavo Meza Cuadra, um diplomata que desempenhou um papel fundamental na demanda por fronteiras marítimas que o Peru conquistou contra o Chile em Haia em 2014.

Na cerimônia de posse, Vizcarra abraçou e foi fotografado com os membros de seu novo gabinete, que substituiu o liderado por Salvador del Solar.

O gabinete liderado por Del Solar teve que renunciar na segunda-feira, quando o Congresso negou um voto de confiança ao governo, o que levou o presidente a dissolver o parlamento.

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Vizcarra dissolveu o Congresso, invocando seus poderes constitucionais, a fim de acabar com os confrontos recorrentes de poderes derivados das obstruções da maioria fujimorista, também criticada por proteger funcionários e magistrados investigados por corrupção.

"Chávez reencarnou em Vizcarra" 
Os parlamentares denunciaram um "golpe de Estado" e alguns chegaram a afirmar que Vizcarra se tornou um novo Hugo Chávez, presidente venezuelano falecido em 2013, embora o governante peruano não seja da esquerda, mas da centro-direita e não promova políticas econômicas estatistas.

"Eles não percebem que Hugo Chávez reencarnou em Martín Vizcarra", disse a fujimorista Rosa Bartra.

Essa parlamentar dirigia a Comissão Constitucional do Congresso que aprovou o arquivamento na semana passada da proposta do presidente peruano de antecipar as eleições gerais (legislativas e presidenciais).

Bartra agora integra a Comissão Permanente de 27 membros do Congresso, 18 deles fujimoristas, que continua a funcionar após a dissolução.

Esta Comissão se reuniu pela primeira vez na quarta-feira e aprovou a resolução de recorrer ao Tribunal Constitucional para resolver a legitimidade da dissolução. Além disso, registrou a renúncia da vice-presidente Mercedes Araoz.

Do ponto de vista constitucional, a renúncia de Aráoz é inválida, pois somente o Congresso pode aceitá-la, disse o governo na quarta-feira. Isso foi corroborado pelo chefe da Comissão Permanente, o oponente Pedro Olaechea.

Entretanto, persiste a incerteza no Peru sobre a coabitação entre Vizcarra e Aráoz, já que ela deve substituí-lo em caso de incapacidade ou quando o presidente viaja para o exterior. Aráoz não fez declarações desde que apresentou sua renúncia na terça-feira, quando convocou eleições gerais antecipadas, às quais ela era contrária.

"Vamos todos embora"
Depois de dissolver o Congresso, Vizcarra convocou novas eleições legislativas para o próximo 26 de fevereiro.

Vários parlamentares depostos agora exigem a antecipação das eleições presidenciais, embora tenham rejeitado a proposta de Vizcarra na época.

O próprio Olaechea agora afirma que essa é a "única maneira" de resolver a crise.

"A única maneira de resolver essa crise é na Constituição. Hoje 'vamos todos embora' e convocamos eleições. Se eu tiver que convocar eleições, o farei", disse Olaechea na quarta-feira.

Aráoz rompeu com Vizcarra depois que ele propôs, em 28 de julho, avançar nas eleições gerais para abril de 2020, cortando seu mandato e o do Congresso em um ano.

"Vamos todos embora", propôs Vizcarra em uma mensagem ao país, a fim de superar um choque entre poderes que já dura três anos.

O novo Congresso terá mandato até julho de 2021 para completar o período de cinco anos a partir do qual foi cessado, de acordo com a Constituição. O período de Vizcarra também termina nessa data. Além da esfera política, a crise não se traduz em caos ou tensões e todas as atividades ocorrem normalmente no país.

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