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Rompendo com o mito de que os brancos pobres levaram Trump ao poder

Confira um perfil dos eleitores que deram a vitória ao candidato republicano Donald Trump

Presidente eleito dos EUA, Donald TrumpPresidente eleito dos EUA, Donald Trump - Foto: Nicholas Kamm/AFP

O mito de que somente os homens brancos sem instrução votariam em Donald Trump se esvaiu após a vitória do magnata nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, apesar de até agora não ter nenhuma experiência política. Sua vitória retumbante, apesar de a democrata Hillary Clinton ter vencido em número de votos, revela que o eleitorado de Trump é mais diverso do que se havia pensado e inclui também pessoas instruídas, mulheres e minorias.

A seguir, um perfil dos eleitores que deram a vitória a Donald Trump:

Classe média instruída
A metade dos americanos de classe média, que ganham 100.000 dólares ou mais ao ano, votaram no magnata de 70 anos, segundo pesquisas de boca de urna do jornal USA Today. Cerca de 43% dos eleitores com títulos universitários apoiaram o republicano, ainda que os com estudos de pós-graduação tenham votado em grande parte em Hillary (58%).

"Queríamos enviar a mensagem de que o governo se mete demais em nossas vidas e isso tem que parar", disse Rolando Chumaceiro, um médico que vive em White Plains, Nova York. Ainda que Chumaceiro admita que não gosta do modo que Trump fala e nem de seus comentários vulgares sobre as mulheres, ele considera que em geral o republicano era a melhor opção.

"Hillary vem do establishment. É o mesmo governo antiquado de sempre. Já não precisamos mais disso", afirmou. Os eleitores com renda mais baixa se inclinaram por Hillary, mas seu apoio aos democratas foi diminuindo depois da reeleição de Barack Obama em 2012, provavelmente, em parte, por estarem ressentidos devido aos altos custos associados ao programa de saúde Obamacare.

Voto rural e urbano divididos
O triunfo de Trump tem raízes no profundo descontentamento com o status quo sentido nas zonas rurais e pequenas cidades, distantes da prosperidade das grandes urbes que votaram em sua grande maioria por Hillary. "Há todo um mundo nos arredores da costa leste e da costa da Califórnia sobre o qual ninguém quer pensar", considerou Sam Abrams, professor de Ciências Políticas no Sarah Lawrence College de Bronxville, em Nova York.

"É a divisão entre os que têm e os que não têm", disse. Em uma economia baseada nos serviços e no conhecimento, resta às pessoas das zonas rurais lutar. "Quando luta, você fica enojado... e Trump se transformou no símbolo dessa raiva", opinou Abrams.

As minorias? Complicado
A participação de eleitores brancos foi maior do que o esperado. Trump obteve do setor republicano tradicional uma votação superior à conseguida por Mitt Romney, um mórmon, em 2012. Os latinos bateram o recorde de participação. Mas enquanto dois terços optaram por Hillary, 29% apoiaram Trump, mais do que os 27% de Romney em 2012. E isso apesar de seu áspero discurso contra os mexicanos e suas políticas anti-imigração.

O voto latino não é homogêneo, explicam os especialistas. Os cubano-americanos apoiaram o magnata, assim como os mais conservadores. Mesmo que a maioria dos negros tenha apoiado Hillary, a ex-secretária de Estado recebeu uma quantidade de votos menor que a de Barack Obama em 2008 e 2012.

Os eleitores de minorias asiáticas, negras e judias que apoiaram Trump negaram que o republicano seja racista, antissemita ou xenofóbico. "Ele criou uma das plataformas mais pró-israelenses na história do país, simplesmente seria uma loucura dizer que ele impulsiona qualquer coisa antissemita", disse Aliza Romanoff, cujo pai foi assessor de Trump.

As mulheres
Trump pode ter ofendido constantemente as mulheres e ter sido acusado de conduta sexual inapropriada por 12 mulheres durante a campanha, mas isso não lhe custou o voto feminino. As mulheres tradicionalmente votam pelos democratas e Hillary se impôs com 54% a 42%, assim como Obama no passado, segundo o Pew Research Center.

Romney obteve 44% do voto feminino em 2012 e o também republicano John McCain 43% nas eleições de 2008. Em Iowa, por exemplo, as mulheres sem estudo universitário se dividiram igualmente entre Hillary e Trump, apesar de terem dado uma vantagem de 17 pontos a Obama em 2012, segundo uma exit poll (sondagem feita logo após o voto) do jornal New York Times.

Evangélicos
De acordo com o Pew Research Center, oito em cada dez brancos evangélicos votaram em Trump, enquanto Hillary conquistou apenas 16% desse segmento. Esses números surpreenderam alguns dos analistas, visto que Trump já se divorciou duas vezes, deu declarações vulgares sobre as mulheres e devido ao seu histórico como um nova-iorquino de costumes liberais que aceita os direitos dos homossexuais e transgêneros.

Os jovens
Obama chegou à Presidência sobre uma onda de esperança e otimismo que impulsionou o voto jovem. Mas desta vez não apoiaram Hillary com a mesma força, decepcionados com o atual governo e pouco entusiasmados com a ex-secretária de Estado. O escândalo sobre os e-mails de Hillary, a percepção de que era pouco confiável e seus vínculos com Wall Street prejudicaram a imagem da democrata. Os "milenials" apoiaram com grande força Bernie Sanders nas primárias democratas.

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