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Rússia interrompe bombardeios em Aleppo para permitir saída de civis

Diplomacia americana manifestou, no entanto, seu ceticismo sobre o inesperado anúncio de Moscou.

A Luz no Fim do MundoA Luz no Fim do Mundo - Foto: Reprodução/ Adorocinema

A Rússia anunciou nesta terça-feira (18) a suspensão imediata dos ataques das aviações russa e síria contra Aleppo, um "gesto de boa vontade" para permitir a saída de civis desta cidade intensamente bombardeada há um mês.

Não se ouviu nenhum bombardeio desde as 10h locais (05h de Brasília) na segunda cidade da Síria e os moradores puderam sair às ruas para buscar comida, um bem cada vez mais difícil de se encontrar, segundo um correspondente da AFP nos bairros rebeldes.

A diplomacia americana manifestou, no entanto, seu ceticismo sobre o inesperado anúncio de Moscou.

"É um pouco cedo para dizer que é assim e quanto tempo vai durar", disse o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby. "Já vimos este tipo de iniciativas e promessas. E já vimos que foram rompidas", acrescentou.

Este anúncio ocorre após várias semanas de duras críticas dos países ocidentais contra a brutalidade dos bombardeios do exército de Bashar Al Assad, apoiados pela força aérea russa, contra a antiga capital econômica do país.

Esta decisão obedece "simplesmente a um gesto de boa vontade dos militares russos" e não está "de forma alguma" vinculada a estas críticas de países ocidentais, disse o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov.

"Prosseguir os esforços da Rússia na luta contra os terroristas" e "desbloquear a situação em Aleppo" foi o que provocou esta decisão, acrescentou.

Uma reunião de trabalho sobre a Síria está prevista entre os presidentes francês e russo, respectivamente François Hollande e Vladimir Putin, com a chanceler alemã, Angela Merkel, na quarta-feira, em Berlim, após uma cúpula sobre a Ucrânia, informou a Presidência francesa.

O porta-voz da Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Jens Laerke, se disse satisfeito com o anúncio, mas advertiu que são necessárias "garantias de todas as partes (envolvidas) no conflito" para que a ONU entre em Aleppo com a ajuda.

O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, tinha anunciado pela manhã, durante uma reunião do Estado-Maior, que as forças aéreas russas e sírias tinham parado de bombardear Aleppo.

Para explicar esta suspensão temporária dos bombardeios aéreos, o ministro russo disse que a medida "é necessária para a aplicação de uma trégua humanitária" com o objetivo de que os civis possam ser retirados dos bairros rebeldes.

Shoigu não fez qualquer comentário sobre as operações em terra do exército sírio.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), não houve ataques aéreos no leste de Aleppo, mas os combates prosseguiam na Cidade Velha, na linha de separação entre as zonas controladas pelos rebeldes e as do regime. Também foram ouvidos bombardeios na região.

Conversas em Genebra
Esta trégua humanitária "permitirá a saída totalmente segura, através de seis corredores humanitários, de civis e a evacuação de doentes e feridos da parte leste de Aleppo", controlada pelos insurgentes, prosseguiu o ministro russo.

"No momento em que esta pausa humanitária começar, as tropas sírias se retirarão a uma distância suficiente para que os combatentes possam deixar suas armas" através de dois corredores especiais, entre eles a estrada de Castello, completou o ministro russo.

A Rússia pede efetivamente aos ocidentais, em especial aos Estados Unidos, que convençam os rebeldes moderados a se dissociar dos extremistas da Frente Fateh al-Sham, ex-Frente al-Nosra (antigo braço sírio da Al-Qaeda).

Segundo Serguei Shoigu, a interrupção dos bombardeios aéreos já a partir desta terça-feira ajudará no êxito das negociações "sobre a separação da oposição moderada dos terroristas em Aleppo", que devem começar na quarta-feira, em Genebra.

Na noite de segunda-feira, o embaixador russo na ONU, Vitali Churkin, anunciou que a Arábia Saudita, o Catar e a Turquia aceitavam participar das negociações com americanos e russos para tentar separar e dissociar a oposição moderada dos extremistas ativos, tudo isto com o propósito de facilitar uma trégua.

A guerra na Síria já provocou mais de 300.000 mortes desde seu início, em março de 2011, após a sangrenta repressão das manifestações pró-democracia executada pelo regime de Bashar al-Assad. Milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas durante os quase cinco anos de guerra.

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