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Santos ganha Nobel pelos esforços à paz

Comitê do prêmio não considerou a rejeição ao acordo de paz no plebiscito. “Não” recebeu 50,2% dos votos

O Futuro AdianteO Futuro Adiante - Foto: Internet / Reprodução

 

MADRI (Folhapress) - Em um anúncio recebido com surpresa, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, recebeu ontem o prêmio Nobel da Paz.
Santos foi premiado por suas negociações de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), na tentativa de encerrar os 52 anos de um conflito que já deixou 250 mil vítimas. O Nobel inclui uma premiação equivalente a R$ 3 milhões.
A decisão do comitê do Nobel surpreendeu porque, há menos de uma semana, o acordo assinado com as Farc foi rejeitado em um plebiscito na Colômbia, o que enfraqueceu Santos politicamente e pôs em dúvida a viabilidade da paz. O “não” venceu por 50,2% contra 49,8%, contrariando as expectativas.
“Santos buscou de maneira consistente levar o processo de paz adiante, mesmo sabendo que o acordo era controverso”, disse Kaci Kullmann Five, líder do comitê do Nobel. “O prêmio deve ser visto como um tributo ao povo colombiano”.
Ao se pronunciar sobre o prêmio, Santos afirmou que o Nobel era um “grande estímulo” para a construção da paz no país. “Recebo este prêmio em seu nome: o povo colombiano, que sofreu tanto por esta guerra. Especialmente os milhões de vítimas que sofreram nesta guerra à qual estamos prestes a pôr fim”.
Para o comitê do prêmio, a derrota no referendo colombiano não significou a rejeição à paz em si, e sim especificamente aos detalhes do acordo apresentado. O Nobel seria, dessa maneira, um incentivo para a continuidade das negociações, satisfazendo todas as partes.
Opositores ao acordo de paz discordam, por exemplo, dos planos de anistia e dos indultos para ex-guerrilheiros acusados de delitos graves. Há, também, atrito em torno da possibilidade de um partido político das Farc e da concessão de cadeiras aos guerrilheiros no Congresso.
Mas os partidários do “não”, liderados pelo senador e ex-presidente Álvaro Uribe, enfrentam agora uma crise interna que deve se agravar com o prestígio dado pelo Nobel às negociações.
Outra surpresa de ontem foi Santos ter recebido o prêmio sozinho, em vez de dividi-lo com outros negociadores, como Rodrigo “Timochenko” Londoño, líder das Farc. No ano passado, o Nobel foi dividido entre quatro organizações tunisianas.
Timochenko parabenizou Santos em uma rede social, afirmando que “a paz teria sido impossível” sem os esforços do presidente.

Campanha
Um número recorde de 376 candidatos concorreu ao No­bel da Paz deste ano, em uma disputa acirrada. A cifra mais alta, até então, havia sido a de 278 nomes, em 2014.
Foram derrotadas candidaturas de peso, como a entidade humanitária Capacetes Brancos, da Síria, e a ativista russa de direitos humanos Svetlana Gannushkina.
Houve uma intensa mobilização pela candidatura do grupo Capacetes Brancos. A organização, formada por três mil voluntários, trabalha com o resgate em zonas controladas por rebeldes na Síria. O grupo afirma já ter salvado mais de 62 mil vidas na Síria, sob risco constante.

 

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