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Situação de menores desacompanhados da 'Selva' de Calais preocupa

Migrantes, incluindo menores de idade, continuavam abandonados à própria sorte nesta sexta-feira

Número de pessoas que têm vivido na Selva de Calais, na França, varia entre 6 à 8 mil Número de pessoas que têm vivido na Selva de Calais, na França, varia entre 6 à 8 mil  - Foto: Philippe Huguen / AFP

Dezenas de migrantes, incluindo menores de idade, continuavam abandonados à própria sorte nesta sexta-feira após uma segunda noite passada perto da "Selva" de Calais, uma situação denunciada pela ONU, enquanto Paris e Londres se acusam mutuamente pela crise.

Uma centena de adolescentes e jovens dormiram em tendas instaladas nos arredores do acampamento no norte da França desmantelado desde segunda-feira, cujos milhares de ocupantes foram levados para abrigos.

Símbolo da dificuldade da União Europeia para enfrentar a crise migratória, o imenso acampamento localizado de frente para a costa inglesa abrigava até a semana passada entre 6.400 e 8.100 pessoas, segundo estimativas, principalmente procedentes do Sudão, Eritreia e Afeganistão.

Deixados à própria sorte após o desmantelamento do acampamento organizado pelas autoridades francesas, dezenas de menores de idade encontraram refúgio em uma igreja, outros em uma mesquita, de acordo com um ativista da ONG Care 4 Calais, que esperava o envio de ônibus pelas autoridades para levá-los a abrigos.

Por não terem sido registrados nos três dias da operação de desmantelamento, estes jovens, que se dizem todos menores de idade, não foram admitidos no centro de acolhimento provisório (CAP) que oferecia 1.500 vagas para crianças.

"Eles vieram no primeiro dia e ouviram que deveriam retornar no dia seguinte, voltaram no dia seguinte e esperaram até que mandaram que voltassem no outro dia, e no outro dia já não havia mais fila, nenhuma solução foi proposta", lamenta Margot, da associação L'Auberge des Migrants.

Migrantes em Paris
A ONU soou o alarme, convocando a França nesta sexta-feira a "fornecer alojamento adequado" para os requerentes de asilo ainda presentes nas proximidades do acampamento deserto e pediu "medidas especiais para garantir a segurança e o bem-estar das crianças da 'Selva'".

O destino desses menores desacompanhados causou tensões entre a Grã-Bretanha e a França, que se acusam mutuamente.

O governo britânico pediu que Paris "proteja como deve ser" os menores que ainda estão na área, provocando "surpresa" entre as autoridades francesas.

Os ministros do Interior, Bernard Cazeneuve, e da Habitação, Emmanuelle Cosse, recordaram que "essas pessoas (...) planejavam se instalar no Reino Unido" e pediram que Londres "assuma rapidamente sua responsabilidade e receba esses menores, que desejam ser transferidos para o Reino Unido".

Desde meados de outubro e durante o desmantelamento da "Selva" de Calais, 1.451 menores foram acolhidos na França, enquanto o Reino Unido abriu suas portas para 274 menores desacompanhados, argumentaram os ministros franceses.

Sob as regras da UE em matéria de reagrupamento familiar, os menores que têm um parente na Grã-Bretanha podem esperar para serem acolhidos.

Nos bairros do norte de Paris, os acampamentos de migrantes têm aumentado desde o desmantelamento da "Selva", segundo associações e políticos locais.

"Há três dias, distribuíamos entre 700 e 800 refeições. Hoje, são mais de mil. Não sei como vamos fazer", declara Charles Drane, coordenador da ONG Adventist Development and Relief Agency (Adra).

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