Só e triste em zoo argentino, chimpanzé Cecilia viverá em santuário no Brasil
Cecilia tem 19 anos e nasceu em cativeiro no zoológico argentino
Até agora triste e sozinha em um zoológico da Argentina, a chimpanzé Cecilia poderá continuar sua vida em um santuário brasileiro - conforme acordo judicial divulgado pelas autoridades nesta segunda-feira (7).
"A decisão pretende melhorar a qualidade de vida. O santuário está certificado por suas condições", disse à imprensa Humberto Mignorance, secretário do Meio Ambiente da província de Mendoza (oeste), onde está a primata.
"É preferível que vá e viva em comunidade com outros chimpanzés do que trasladá-la para outro zoológico privado, onde estará sozinha, ou com outro chimpanzé, no caso de que este a aceite", acrescentou.
Cecilia tem 19 anos e nasceu em cativeiro no zoológico argentino.
"Tem mais de meia vida pela frente, levando-se em conta que, com as condições adequadas, são espécies que vivem mais de 40 anos", disse Mingorance.
O traslado para o santuário Sorocaba, em São Paulo, foi decidido em um acordo entre as autoridades do governo de Mendoza e uma associação protetora de animais.
O caso de Cecilia vem sendo analisado há vários anos e, inicialmente, descartou-se levá-la para um zoológico privado da província de Río Negro (Patagônia, sul). O acordo foi alcançado com supervisão da juíza Alejandra Mauricio.
"Deve-se priorizar e garantir o bem-estar desse ser que tem sentimentos, e não há dúvida de que o santuário de Sorocaba tem grandes vantagens em relação ao zoológico de Bubalcó (Río Negro) por uma série de motivos", alegou Pablo Buompadre, da Associação de Funcionários e Advogados pelos Direitos dos Animais (Afada).
"Cecilia é um sujeito não humano titular de direitos", indicou Buompadre, reproduzindo uma consideração da juíza em uma decisão anterior.
Um antecedente do caso é o de Sandra, orangotango de 29 anos que vivia no zoológico de Buenos Aires. Um habeas corpus da Afada conseguiu em 2014 umasentença inédita da Justiça, que reconheceu os direitos básicos do animal como "sujeito não humano" para ser transferido para o Brasil e viver em semiliberdade.