Novas cepas
Mutações preocupantes do coronavírus já são maioria em Pernambuco, diz Fiocruz
A pesquisa foi feita usando o novo teste de RT-PCR desenvolvido pela Fiocruz Amazônia
As mutações do coronavírus, chamadas de “variantes de preocupação”, já são responsáveis pela maioria dos casos em Pernambuco. É o que diz um estudo publicado pelo Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na quinta-feira (4).
Segundo os dados da pesquisa, no Estado, 50,8% das amostras analisadas são de algumas das três principais mutações: P.1, identificada inicialmente no Amazonas; B.1.1.7, no Reino Unido; e B.1.351, na África do Sul.
A pesquisa usou o novo teste de RT-PCR desenvolvido pela Fiocruz Amazônia. O exame detecta a mutação comum nas três variantes, que são potencialmente mais transmissíveis.
Leia também
• Fiocruz desenvolve teste que identifica variantes do novo coronavírus
• Ocupação de UTIs chega ao pior nível da pandemia, diz Fiocruz
• Brasil vive 'tragédia' e presença de variantes não é desculpa, afirma OMS
• Variante brasileira emergiu em novembro, é mais transmissível e pode causar reinfecção, diz estudo
• Anticorpos gerados em infecção prévia por Covid-19 são seis vezes menos eficazes contra variante P.1
• Brasil tem piora simultânea e inédita da pandemia, diz Fiocruz
• Variante brasileira predomina entre casos de Covid em cidade de SP com 100% de ocupação das UTIs
• Fiocruz detecta variantes do coronavírus em três regiões do País
Além de Pernambuco, outros cinco estados do País têm prevalência das mutações: Ceará (71,1%), Paraná (70,4%), Santa Catarina (63,7%), Rio de Janeiro (62,7%) e Rio Grande do Sul (62,5%). Em outros dois estados analisados, as novas cepas não formaram maioria: Alagoas (42,6%) e Minas Gerais (30,3%).
Os pesquisadores da Fiocruz alertam para a dispersão geográfica no território brasileiro das variantes. Nas três regiões avaliadas (Sul, Sudeste e Nordeste) houve alta prevalência.
De acordo com o Observatório, a alta circulação de pessoas e o aumento da propagação do vírus Sars-CoV-2 têm favorecido o surgimento das "variantes de preocupação" no Brasil.
O comunicado ainda alerta para um cenário preocupante que alia o perfil potencialmente mais transmissível dessas variantes à ausência de medidas que possam ajudar a conter a propagação e circulação do vírus.
A cepa amazonense é apontada como causa da explosão de casos e colapso no sistema de saúde do estado nortista, em janeiro de 2021.
Esse cenário de caos, inclusive, coincide com o surgimento da variante P1, que teria ocorrido em novembro de 2020, segundo estudo publicado na semana passada pelo Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde).
A variante brasileira emergiu cerca de um mês antes do número de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em Manaus dar um salto. Em apenas sete semanas, a P1 tornou-se a linhagem do Sars-CoV-2 mais prevalente na região.
A avaliação do estudo da Fiocruz contou com o apoio do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública.

Novo protocolo
A vigilância genômica e o monitoramento dessas variantes será fundamental para o enfrentamento da pandemia, segundo o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger.
“O novo protocolo de RT-PCR oferece um retrato rápido da circulação das variantes para tomada de decisão no enfrentamento à pandemia”, destaca Krieger.
De acordo com a Fiocruz, a avaliação com esse protocolo será ampliada e repetida de forma sistemática para um monitoramento massivo das variantes e a vigilância genômica será complementada com o sequenciamento de amostras na rede genômica da fundação.
Até o momento, a Fiocruz destaca que não tem sido observada uma clara associação dessas variantes com uma evolução clínica mais grave, mas estudos adicionais estão em andamento para esclarecer aspectos relacionados com o sequenciamento genético dessas variantes, bem com sua transmissibilidade e o real impacto dessas variantes na dinâmica de ocorrência da Covid-19.
Veja também

Coronavírus
Saúde investiga morte de adolescente de 17 anos por Covid-19 em Pernambuco
