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DIPLOMACIA

Na Argentina, secretário do Tesouro dos EUA saúda governo de Milei como farol do livre mercado

Bessent disse acreditar nos bons resultados da política econômica adotada em Buenos Aires

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott BessentO secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent - Foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, elogiou as políticas econômicas do presidente Javier Milei na Argentina como um modelo para outros governos favoráveis ao mercado na América Latina, em uma demonstração simbólica de apoio do governo de Donald Trump ao líder libertário.

Ele falou com a Bloomberg News após ter se encontrado com Milei.

— Hoje foi o que eu chamaria de um dia decisivo — disse Bessent em entrevista na segunda-feira, após reuniões com Milei e sua equipe econômica, durante uma rara visita bilateral ao país propenso a crises.

A Argentina recebeu um chefe do Tesouro dos EUA pela última vez durante uma cúpula do G20 em 2018, antes de seu último presidente alinhado ao mercado ter sido tirado do poder por um populista de esquerda. A presença de Bessent em Buenos Aires enfatizou a força com que Milei balançou o pêndulo de volta.

— Este é um governo completamente novo e novas políticas — disse o secretário do Tesouro à Bloomberg News, na residência do embaixador dos EUA. — Não gosto da expressão "sem precedentes", mas é sem precedentes.

O governo de Milei vem de uma série de vitórias que atingiram o ápice na sexta-feira, quando assinou um acordo histórico com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um novo programa de empréstimos de US$ 20 bilhões, mais da metade dos quais será desembolsada de imediato.

Na segunda-feira, o país começou a flexibilizar os controles cambiais e de capital que têm impedido o investimento estrangeiro por anos.

Garantir o apoio do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, foi fundamental no processo. A Argentina receberá US$ 12 bilhões dos fundos do FMI antecipadamente na terça-feira, uma grande vitória em meio à hesitação dos países-membros em aumentar sua exposição à economia frequentemente problemática.

Contudo, os EUA são o maior acionista do credor com sede em Washington e Bessent descartou preocupações sobre a antecipação dos recursos, embora a Argentina seja a maior devedora do fundo.

“O bom de ter esse dinheiro é que quanto maior o seu caixa de guerra, menor a probabilidade de você ter que intervir. Será uma função de suavização. Vou acompanhar de perto”, afirmou Bessent.

A Argentina renovou parte de sua linha de swap cambial de US$ 18 bilhões com a China na semana passada, apesar das críticas de um funcionário do governo Trump, que disse se tratar de um acordo extorsivo que deveria ser encerrado. O anúncio da visita de Bessent logo após esses comentários levou alguns investidores a especular que ele traria uma oferta de financiamento alternativo.

Autoridades argentinas não solicitaram acesso
Embora Bessent tenha dito em uma entrevista anterior à Bloomberg TV que o governo dos EUA não está considerando atualmente uma linha de crédito direta para a Argentina, ele sinalizou posteriormente que isso continua sendo uma possibilidade.

“No fim das contas, também temos o Fundo de Estabilização Cambial. Não nos comprometemos a fazer parte dele, mas poderíamos”.

No entanto, Bessent também disse que, se o governo de Milei continuar com suas reformas econômicas, o país deverá ter entradas de moeda estrangeira suficientes para pagar a parte ativa de US$ 5 bilhões do swap com Pequim.

Na manhã de segunda-feira, Bessent se encontrou com Milei e com o ministro da Economia argentino, Luis Caputo, no palácio presidencial. O chefe do Tesouro e o líder argentino registraram uma declaração conjunta, divulgada posteriormente nas redes sociais pelo gabinete do presidente.

A visita de Bessent coincidiu com o primeiro dia em que a Argentina permitiu que o peso fosse negociado livremente, dentro de uma faixa definida, enquanto começava a remover outras restrições financeiras. Essas são etapas fundamentais para que o país finalmente retorne aos mercados de capitais, após seu mais recente calote da dívida soberana em 2020.

Na segunda-feira, os investidores comemoraram a valorização dos títulos do país, enquanto o peso se enfraquecia, quase eliminando completamente a diferença entre o mercado paralelo e as taxas oficiais.

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