Guerra na Ucrânia

Navio russo Moskva afunda no Mar Negro; Kiev diz ter sido atingido por seus mísseis

Kiev, por sua vez, rechaçou essas afirmações, acusando a Rússia de realizar "ataques terroristas" na região fronteiriça

Navio russo MoskvaNavio russo Moskva - Foto: Adalberto Roque/ AFP

O cruzador Moskva, navio-símbolo da frota russa no Mar Negro, avariado durante a ofensiva contra a Ucrânia, afundou, anunciou nesta quinta-feira (14) à noite o ministério russo da Defesa, enquanto autoridades ucranianas afirmam que seus mísseis o atingiram.

"Durante o reboque do navio Moskva até o porto de destino, o navio perdeu estabilidade por causa dos danos no casco (provocados) pelo incêndio após a explosão de munições", declarou o ministério, citado pela agência estatal TASS. 

"Em condições de mar agitado, o navio afundou", acrescentou a pasta.

O ministério russo tinha informado mais cedo que o incêndio estava controlado e que o cruzador "mantinha sua flutuabilidade", ao mesmo tempo em que investigava as causas do incidente. Nenhum balanço foi divulgado.

As autoridades também informaram que o processo de reboque do navio estava em curso e que a tripulação de centenas de pessoas foi evacuada para outras embarcações da frota russa no Mar Negro.

Para o Pentágono, o afundamento do cruzador foi um "duro golpe" para a força naval russa no Mar Negro.

"Este é um duro golpe para a frota do Mar Negro, esta é uma parte-chave de seus esforços para efetuar algum tipo de domínio naval no Mar Negro", disse à CNN nesta quinta-feira o porta-voz do Pentágono, John Kirby.

"Isto terá efeito em suas capacidades", acrescentou.

Por outro lado, o Comitê de Investigação da Rússia afirmou que dois helicópteros ucranianos "equipados com armamento pesado" teriam entrado na Rússia e realizado "ao menos seis disparos contra edifícios residenciais da cidade de Klimovo", na região de Bryansk, que fica próxima da fronteira ucraniana.

Sete pessoas, entre elas um bebê, sofreram ferimentos "de diversa consideração", segundo a fonte. Essas acusações, no entanto, não puderam ser verificadas de forma independente. 

Kiev, por sua vez, rechaçou essas afirmações, acusando a Rússia de realizar "ataques terroristas" na região fronteiriça para alimentar a "histeria antiucraniana".

Em paralelo, o Parlamento ucraniano aprovou hoje, por maioria, uma resolução que qualifica como "genocídio" as ações do exército russo na Ucrânia, e pede a governos, parlamentos e organizações internacionais que façam o mesmo, segundo informou em seu canal no aplicativo Telegram.  

"As ações da Rússia estão voltadas para aniquilar de forma sistemática e coerente o povo ucraniano, privando-o do direito à autodeterminação e de um desenvolvimento independente", diz a resolução.

- Kiev diz que navio foi atingido por mísseis -

Horas antes, o Ministério da Defesa da Rússia reportou o incêndio e evacuação do cruzador Moskva, seu navio-símbolo no Mar Negro.

O navio lança-mísseis de 186 metros de comprimento ficou "gravemente danificado" por um incêndio causado por uma explosão de munições e sua tripulação de mais de 500 homens teve que ser evacuada, segundo o ministério. Mais tarde, garantiu que o fogo havia sido contido e que não havia mais explosões. O barco "mantém sua flutuabilidade", acrescentou.

Mas as autoridades ucranianas afirmaram que o Moskva foi atingido por "mísseis Neptune", o que provocou "importantes danos neste navio russo", segundo o governador de Odessa, Maxim Marchenko. 

O Moskva começou suas operações na era soviética, em 1983, e participou da intervenção russa na Síria a partir de 2015.

O navio ganhou notoriedade no início da guerra na Ucrânia, ao se envolver no ataque contra a ilha das Serpentes, quando 19 marinheiros ucranianos foram capturados e trocados por prisioneiros russos.

Na região do Donbass, no leste da Ucrânia, as autoridades afirmaram que vão retomar as evacuações de civis, após suspensão ordenada por Kiev por considerá-las muito "perigosas".

"Os corredores humanitários na região de Luhansk vão funcionar com a condição de que cessem os bombardeios das forças de ocupação", assinalou a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.

As autoridades ucranianas instaram a população da região a seguir para o oeste diante do temor de uma ofensiva russa em larga escala para controlar a área onde ficam as autoproclamadas "repúblicas" separatistas pró-Rússia de Donetsk e Luhansk, que são palco de enfrentamentos com as tropas de Kiev desde 2014.

Mais de 4,7 milhões de refugiados ucranianos fugiram do país nos 50 dias transcorridos desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, segundo as cifras reveladas nesta quinta-feira pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Destes, 90% são mulheres e crianças, pois as autoridades ucranianas não permitem a saída de homens que estejam em idade de combate.

- Ameaça sobre Kiev -

Desde o início da guerra, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, se mantém entrincheirado com sua administração no centro da capital, de onde não deixa de reivindicar aos países ocidentais o envio de armamento pesado para resistir à ofensiva russa.

O presidente americano, Joe Biden, prometeu ontem uma nova entrega de ajuda militar avaliada em 800 milhões de dólares, após hesitar em enviar equipamento pesado pelo temor de um agravamento ainda maior das tensões com Moscou e de ser considerado parte no conflito.

O pacote inclui artilharia de última geração, como os canhões M777 Howitzer, 40.000 obuses, 300 drones "kamikaze", 500 mísseis antitanque Javelin, radares antiartilharia e antiaéreos, 200 veículos blindados de transporte e 100 blindados leves, segundo a Casa Branca.

Agora, todos os olhares estão voltados para o estratégico porto de Mariupol, no sudeste da Ucrânia. Sua conquista seria uma vitória importante para as forças russas, pois lhes permitiria consolidar sua posição no Mar de Azov, unindo o Donbass com a península da Crimeia, que foi anexada em 2014.

O prefeito da cidade, Vadim Boishenko, desmentiu hoje as declarações feitas ontem pelo Ministério da Defesa russo, de que suas forças tinham assumido o controle da zona portuária de Mariupol.

- Repercussões econômicas mundiais -

Analistas acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, quer assegurar uma vitória no leste antes do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha, em Moscou, que comemora a vitória soviética sobre os nazistas em 1945.

Na Rússia, Putin pediu, em uma reunião de governo, para reorientar as exportações de energia para a Ásia. 

É preciso "reorientar nossas exportações para os mercados do sul e do leste, que crescem rapidamente", disse o presidente russo, que também falou de uma possível redução nas entregas ao Ocidente por causa das sanções internacionais.

Em nível global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu suas previsões de crescimento mundial para 2022 e 2023, mas, ainda assim, prevê um aumento do PIB na maioria dos países.

Já na zona do euro, a guerra tem repercussões "severas", segundo Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), devido ao aumento dos preços da energia, às perturbações na cadeia de suprimentos e à queda da confiança que entorpece as perspectivas.

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