Opinião

No Recife, uma centenária travessia e a cultura do selo

No último dia 2 de agosto, na cidade do Recife, ocorreu destacada efeméride cultural, na sede do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP), com o lançamento do selo dos Correios comemorativo do “Centenário da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul” - feito pioneiro dos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922.

A sessão, dirigida pelo vice-presidente do instituto, Sílvio Amorim, contou com participação de representantes da direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, do Gabinete Português de Leitura de Pernambuco e de convidados.

Inicialmente foi apresentado um vídeo com uma mensagem da presidente do IAHGP, Margarida Cantarelli (cumpria missão em Portugal na inauguração do Instituto Pernambuco-Porto), em que fala da importância da comemoração do centenário da travessia e do registro histórico do fato através do selo.

Coube ao associado efetivo e integrante da diretoria do IAHGP, Maurício B. Pedrosa Filho, realizar a palestra sobre a façanha da travessia, a relevância bilateral, luso-brasileiro, e a repercussão mundial dela.

Observem quanto interessante foi o assunto dissertado pelo orador:

- Gago Coutinho e Sacadura Cabral eram oficiais da marinha; iniciou a travessia do Atlântico Sul em 30 de março de 1922, partindo de Lisboa, no hidroavião, monomotor, “Lusitânia”. Chegou ao Recife em 5 de junho do mesmo ano, dia em que, pela primeira vez, o solo do continente Sul-americano foi tocado por esse tipo de equipamento de transporte vindo da Europa. No trajeto planejado, os pilotos enfrentaram vários percalços que atrasaram a chegada ao continente, e ao ponto final da travessia, o Rio de Janeiro, então capital do Brasil.

- O “Lusitânia” amerrisou no rio Capibaribe, nas imediações do Porto do Recife, sendo os aeronautas recebidos por uma multidão, de forma calorosa e amiga, como verdadeiros heróis. Durante a permanência na cidade, Gago Coutinho e Sacadura Cabral receberam muitas homenagens. Visitaram o Gabinete Português de Leitura de Pernambuco, onde assinaram o “Livro Oficial de Vistas”, e o IAHGP, onde foram acolhidos como sócios honorários.

- A épica travessia teve uma ligação com as festividades do centenário da Independência do Brasil que ocorria no mesmo ano.

- Os aeronautas portugueses deixaram um legado multiplicador para o desenvolvimento da aviação, naquele momento em estágio incipiente, ao utilizarem, na corajosa empreitada, conceitos de navegação aérea que inovaram o que se conhecia da atividade no período.

- Do binômio História - Filatelia, o desafio aeronáutico agora celebrado fica marcado com a emissão de um belíssimo selo comemorativo; doravante, os exemplares emitidos serão mais uma fonte material para pesquisa e novos estudos.

A memorável sessão não podia terminar diferente, se não com o cívico processo de obliteração do selo comemorativo, com aplicação do carimbo exclusivo “Centenário da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul - 1º Dia de Circulação - Correios - Recife - PE - 1º.8.2022”; dessa forma, entre aspas, está a frase gravada, em círculo, na peça metálica de marcação que oficializou o lançamento do selo no Recife, pela equipe dos Correios presente ao ato.

P.S. - O selo comemorativo foi lançado, simultaneamente, nas cidades de Brasília e do Rio de Janeiro, para uso nacional. - No Recife, na Praça 17, bairro de Santo Antônio, há um belo monumento (1927), obelisco, com os bustos de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, na base, de frente para o rio Capibaribe, e, no ápice, uma escultura de Ícaro.


*Administrador de empresas e cronista
[email protected]


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