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"Nosso filho morreu por negligência", diz mãe de criança sobre acidente em creche no Ipsep

Pais falaram com a Folha horas depois de o delegado anunciar o indiciamento da dona da creche por homicídio culposo

Pais da criança com sandálias do filho cobertas na cor bronzePais da criança com sandálias do filho cobertas na cor bronze - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

O sapatinho que Luiz usava na hora da morte foi revestido de bronze para eternizar as memórias que o jovem casal tem do filho único que morreu prematuramente no lugar onde acreditavam ser seguro. Olhando para o calçado, um pai e uma mãe que, mesmo meses depois, parecem permanecer incrédulos com o falecimento tão inesperado.

Leia mais: Porta que caiu em criança em creche estava desgastada, aponta perícia

Proprietária de creche do Ipsep é indiciada por homicídio culposo

Na última quarta-feira (8) a policia indiciou Diana Araújo Pereira Jorge, dona da creche Uni Infantil, no bairro do Ipsep, Zona Sul do Recife, onde Luiz Otávio Santos de Aquino, de 1 ano e 9 meses, estudava das 6h40 às 18h30 e onde foi atingido por uma porta de vidro que caiu sobre sua cabeça em setembro passado.

A policia entendeu que a porta foi instalada incorretamente e que a instituição era responsável pela segurança do pequeno. Por isso, Diana responderá por homicídio culposo, enquanto os pais seguem em sua luta diária pela sobrevivência.

Os administradores Dayana Pontes e Rogério Aquino, ambos com 34 anos, tiveram suas vidas transformadas com a morte do filho. “Domingo é meu aniversário e eu não tenho o que comemorar. Nós o colocamos em uma instituição que acreditávamos. Visitamos várias escolas e escolhemos a melhor. Não imaginamos que isso pudesse acontecer. Hoje somos obrigados a conviver com a saudade”, se emocionou o pai de Luiz.

Para eles, a notícia do indiciamento por homicídio culposo da dona da creche é razão para várias reflexões. “Não cabe a mim decidir se foi homicídio culposo ou doloso, mas nosso filho morreu por negligência. Isso poderia ter sido evitado se houvesse manutenção na porta ou se ela tivesse sido instalada corretamente. Se isso tivesse ocorrido mais cedo, outras crianças poderiam ter sido atingidas”, afirma Dayana.

De acordo com o laudo da perícia, a porta caiu porque o pino superior que sustentava parte do peso dela não era de um material adequado e resistente. “Nós sempre íamos à escola. Podíamos ver se tinha uma saída de emergência, se uma prateleira estava torta, mas não tínhamos como saber se o pino da porta estava correto”, disse Rogério.

Ainda segundo os pais, em nenhum momento, eles foram procurados pela instituição. “A não ser por um e-mail muito superficial lamentando o ocorrido, a escola nunca nos prestou qualquer assistência. Nunca fizeram nenhuma ligação. Por um dever moral, esperávamos isso. Diferente do que afirmaram, na época, nunca pagaram o funeral ou qualquer outra coisa”, disse o pai.

Questionados ainda sobre o que farão com relação à empresa, eles não descartaram uma ação. “Estamos vivendo um dia após o outro. É tudo muito complicado. Eu deixei meu trabalho, estou precisando de acompanhamento psicológico. Ainda não definimos isso”, explicou o pai, que disse encontrar forças na fé para seguir em frente. “Só a fé consegue nos manter em pé. Dayana foi uma mãe incrível que se dedicou completamente para o nosso filho. É muito difícil prosseguir”, concluiu.

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