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Novas medidas de restrição vão na direção certa, dizem especialistas

No fim de semana, Pernambuco ultrapassou a marca das mil mortes enquanto adesão ao isolamento caiu. Pesquisadores defendem ações para garantir que toda a população fique em casa.

Aguardado desde a semana passada, o anúncio de novas medidas de restrição à circulação de pessoas para reduzir o contágio do coronavírus vai na direção do que a comunidade científica tem defendido nos últimos dias. Enquanto o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) busca traduzir em números a constatação de que mais gente tem descumprido as normas de isolamento, o Estado ultrapassa a marca das mil mortes, com uma taxa de ocupação de 97% dos leitos de UTI.

Especialistas ouvidos pela Folha de Pernambuco defenderam o endurecimento das medidas restritivas bem como políticas de incentivo para que as pessoas permaneçam em casa, especialmente a população mais pobre.

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Segundo os dados mais atualizados do painel do MPPE, referentes ao último domingo, o índice de adesão ao isolamento social retraiu em uma semana, de 52,4% para 49,7%, longe da meta mínima de 70% do Governo do Estado. Com taxas entre 50% e 54,9%, as cinco cidades contempladas pelas medidas - Recife, Olinda, Jaboatão, Camaragibe e São Lourenço da Mata - estão entre as que registram os maiores índices, mas têm um grande adensamento populacional e concentram a maior parte dos casos.

“O Governo deu o passo certo. Mas eu diria que isso depende 30% dele, o restante depende da gente. Se um vai embora, contamina o resto. Você não sair à rua hoje é mais importante que todas as contas que eu faço”, enfatiza o pesquisador de epidemiologia computacional Jones Albuquerque, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

De acordo com ele, sem o isolamento social, o número de mortes estaria em torno de 3 mil, quase o triplo do registrado atualmente. “Até ter vacina, a vida vai ter restrições”, observa o pesquisador, que cita o caso de Fernando de Noronha, onde os casos de Covid-19 foram zerados. “Em abril, Noronha bloqueou tudo, os dados se estabilizam e agora está tudo voltando”, lembra.

No continente, onde o emaranhado de cidades dificulta a fiscalização das aglomerações, o desafio é garantir a proteção nas áreas de periferia e garantir que as pessoas não precisem sair de casa. “Por isso, ações de governo, distribuição de cestas básicas e auxílio têm que ter”, diz Jones Albuquerque.

Membro da Rede Solidária em Defesa da Vida, grupo de pesquisadores que propõem ações de combate à pandemia, a médica sanitarista e professora Tereza Lira ressalta que as ações devem ser executadas conforme a realidade social de cada área, incluindo o uso de espaços comunitários e o reforço na atenção primária de saúde.

“Utilizar equipamentos já existentes, como escolas públicas e centros de treinamento de clube de futebol, para isolar os casos leves e moderados e, assim, tirar essas pessoas dos ambientes de alta densidade habitacional”, sugere. “Claro que precisaria de uma logística, em que os casos seriam acompanhados por um corpo de enfermagem e pelo profissional de Saúde da Família, mas seria uma forma de dar efetividade ao isolamento”.

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