O cantador, a viúva e o dentista
Uma peleja de voto a voto numa cidade sertaneja
Uma cidade do interior
Foi palco de um duelo
Coisa recente, da eleição
E não é mentira não
Apenas alguns fatos
Foram modificados
Mas pode ter ciência
Que toda semelhança
É, não, mera coincidência
Disputaram a prefeitura
Três ilustres figuras
Da cidade em questão
Todos na ferrenha sanha
De vencer a eleição
Queriam assumir o poder
Do executivo municipal
Um cantador, uma viúva e um dentista
E ninguém pretendia se dar mal
O fato é que o cantador
Já era da cidade o prefeito
E tentava o feito inédito
De ser na disputa reeleito
A viúva é uma pessoa
Bastante articulada
O marido, o falecido
Deixou a nobre esposa
Com uma herança bem herdada
Ela tem farmácia, mercadinho
E uma clínica popular
Estava certa de que o pleito
Tinha condições de ganhar
O dentista é um homem
De ninguém botar defeito
Atendia a todos no consultório
E todo mundo saía satisfeito
O cantador, que já era prefeito
Também não fica atrás
É conhecido que nem bolo
Faz repente que não acaba mais
Basta contar uma história
Ou até a metade dela
Que o danado do prefeito
Bota na viola e solta a goela
Muito simpático e preocupado
Com os problemas do povo
Pediu da população a confiança
Para votarem nele de novo
Só sei que nessa peleja
Dessas três ilustres figuras
Foi o danado do cantador
Quem conquistou a prefeitura
A nobre viúva utilizou
Toda a sua simpatia
Mas não teve do eleitor
A necessária maioria
E o dentista, coitado
Sempre amigo e dedicado
Amargou sem anestesia
A dor de ser derrotado
Pra quem perdeu e quem ganhou
Agora é hora de pensar no futuro
Afinal, tem quatro anos pela frente
E o povo tem o direito
De ter um serviço decente
Mas não pensem vocês
Que o cantador-prefeito
Teve vida fácil não
Porque na Câmara Municipal
A maioria é oposição!
FIM.