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O Pub Crawl e as amizades que sobrevivem à ressaca

Veja como funciona a maratona de bares e os detalhes da experiência em Buenos Aires, Santiago, São Paulo e Praga

Pub Crawl de Santiago, no ChilePub Crawl de Santiago, no Chile - Foto: The Santiago Pub Crawl

Sabe aquela ideia que você gostaria de ter tido antes de todo mundo? Foi exatamente o que eu senti quando descobri o Pub Crawl. Infelizmente, quando ele surgiu, no fim dos anos 90, eu ainda não tinha idade para experiências etílicas. Nascido do termo to craw, que em tradução livre significa rastejar, o Pub Crawl é uma maratona de bares que surgiu na Europa e se espalhou rapidamente pelo mundo.

Não se sabe exatamente quem foi o criador do termo, mas a "maternidade" dele é atribuída aos tchecos. A cidade de Praga é chamada de "mother of Pub Crawl". E faz sentido, já que, além de capital da cerveja e da República Tcheca, a cidade também é a queridinha de quem gosta de uma vida noturna agitada.

A maratona de bares de lá é indiscutivelmente a maior da Europa e ocorre "every single day of year", ou seja, todos os dias do ano, sem exceções. A regra do Pub Crawl é clara. Beba o quanto conseguir. Você paga o valor do tour etílico e tem direito a uma ou duas horas de bebida gratuitamente. Depois disso, começa a maratona pelos bares. Em cada um deles, você ganha um shot (pequeno copo). A última parada é em alguma boate onde, daí em diante, você fica responsável por sua bebida.

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Em Praga, eles servem cerveja, vinho, vodka e absinto livremente nesta primeira hora. As opções, no entanto, variam de acordo com o destino e os organizadores. Enquanto em São Paulo e em Buenos Aires, na Argentina, serviam pizza, vinho, cerveja e vodka, o Pub Crawl de Santiago, no Chile, tinha como diferencial o terremoto, bebida à base de vinho branco e sorvete de abacaxi que é bastante popular no país.

Sim, já posso ser considerada habitué nas maratonas de bares mundo afora. Para quem está viajando, é uma ótima oportunidade pra interagir. Já participei com um grupo grande de amigos, com duas amigas, em dupla e até sozinha. Todas as experiências foram extremamente válidas. Ou quase, mas explico isso mais na frente.

Pub Crawl de Santiago, no Chile

Pub Crawl de Santiago, no Chile - Crédito: The Santiago Pub Crawl



Buenos Aires, Argentina (2012)
Eu ainda era uma "marinheira de primeira viagem" quando participei do Pub Crawl de Buenos Aires. Era inverno por lá quando cheguei com duas amigas no ponto de encontro, no bairro de Palermo Soho, conhecido como reduto de artistas e boêmios. Pagamos em torno de 100 pesos argentinos.

Normalmente um fotógrafo acompanha tudo. No caso da capital argentina, um brasileiro. Tinha gente de todas as partes do mundo e essa "turma gringa" não se intimida quando o assunto é festa. Teve shot na barriga de uma, nos peitos de outra, bunda de fora na hora da foto, tudo bem no estilo "Loca People", que era a música sucesso da época. O Pub Crawl dos hermanos tem uma página no Facebook onde você encontra todas as informações.

Pub Crawl de Buenos Aires, na Argentina

Pub Crawl de Buenos Aires, na Argentina - Crédito: The Buenos Aires Pub Crawl


Santiago, Chile (2013)
O ponto de encontro é sempre no La Mansión Po. Fica no número 178 da rua Antonia López Bello, em Recoleta. O bairro é vizinho ao Bellavista, onde fiquei hospedada. Então fui andando com meu "grupinho" de umas dez pessoas. Nem foi preciso escutar o "Welcome do The Santiago Pub Crawl" para sentir-se em casa. A decoração do La Mansión Pio é bem multicultural, com direito a imagens do Cristo Redentor e da Torre Eiffel na parede.

Tinha boas expectativas sobre o Pub Crawl de Santiago e ele não me decepcionou. Pagamos 10 mil pesos chilenos e chegamos às 22h no La Mansión Pio, onde ficamos até às 23h. Neste dia, em comemoração a um jogo do Chile ou algo do tipo, haveria terremoto de graça por uma hora, além de cerveja, vinho e pizza (que são servidos sempre).

Havia vários universitários americanos por lá. Eles estavam participando de um intercâmbio de alguns meses no Chile. Além de treinar um pouquinho do inglês com eles, a gente aprendeu uma brincadeira em que se criam duplas e, depois de virar a bebida, cada dupla tem que, com o dedo, fazer com que o copo gire e caia emborcado na mesa. Achei difícil e nem entendi muito bem como funcionava, mas foi bem engraçado participar.
 

Pub Crawl de Santiago, no Chile

Pub Crawl de Santiago, no Chile - Crédito: The Santiago Pub Crawl


Após o esquenta, seguimos para o Lyrics Lounge Bar, que é um ChilKaraoke. Como de costume, cada participante recebeu um shot na entrada do bar. Não deu tempo de cantar uma música nossa, mas alguns arriscaram se meter na cantoria alheia. Socializamos com chilenos, americanos e franceses, brindamos, bebemos mais um pouco e seguimos para o bar seguinte.

Passamos no Los Diamantes, Club Ibiza e terminamos a noite no El Clan. Em cada um deles ganhamos um shot. O incrível da jornada era a variedade de ritmos. Uma hora a gente tava ouvindo zumbia ou salsa para logo depois chegar numa boate com rock. Nosso grupo ganhou alguns agregados estrangeiros nesse dia e até hoje lembramos das histórias no nosso grupo de WhatsApp.

Pub Crawl de São Paulo

Pub Crawl de São Paulo - Crédito: Pub Crawl São Paulo

São Paulo, Brasil (2015)
O Pub Crawl paulista começou em 2011 e funciona no mesmo esquema dos outros: bebida livre por uma ou duas horas, staff animado e tour por diversos bares e baladas numa mesma noite com apenas um ingresso. Custa R$ 60 e a concentração costuma ser na Vila Madalena ou na Rua Augusta.

Estava com uma amiga, mas a maratona brasileira para mim foi a menos interessante. No coração da Vila Madalena, os locais escolhidos pela organização estavam quase vazios. Tudo era organizado, mas os drinks eram bem fracos - com open bar apenas de cerveja e shots com gosto de suco - e a maioria dos participantes eram brasileiros que interagiam quase que exclusivamente entre si, sem tanta abertura com desconhecidos.

Soube algum tempo depois que em São Paulo também tem o Brazilian Pub Crawl que leva turistas e locais para festas de quarta a sábado. Algumas das casas que fazem parte do tour estão são o Alberta #3, o Volt e o Lions Nightclub, com direito a uma noite dedicada ao público LGBT.

Descobri que já criaram a Pub Crawl em outras cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Búzios, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e até no Recife, onde moro. A ideia fez ainda mais sucesso na Copa do Mundo de 2014, quando o país estava cheio de turistas. Mas depois desta primeira experiência fiquei um pouco desanimada e nunca tentei nenhum outro Pub Crawl no Brasil. Quem sabe em uma próxima oportunidade.

Praga, República Tcheca (2018)
Estava sozinha em uma das cidades mais festivas da Europa e, mesmo depois de andar um dia inteiro pelas ruas da cidade, decidi que não poderia deixar de participar do mais famoso Pub Crawl do mundo. O encontro é no centro histórico de Praga (rua Celetná, nº 12, a 150 metros da Praça da Cidade Velha) e ficava a aproximadamente 15 minutos do hostel em que fiquei hospedada.

Por 550 CZK ou 22 Euros, você tem direito a uma hora de bebida no primeiro bar e shots em outros 4 bares, além de entrada VIP na Karlovy Lazne, balada de cinco andares que é a maior da Europa Central. Ela já serviu até de cenário para cenas do filme Triplo XXX, com o ator Vin Diesel.
 

Pub Crawl de Praga, na República Tcheca

Pub Crawl de Praga, na República Tcheca - Crédito: Pub Crawl Praga



Cheguei um pouco desconfiada ao ponto de encontro, mas tudo mudou rapidamente. Antes mesmo de chegarmos ao primeiro bar a doce e sorridente Hannah Phifer puxou assunto comigo e, ao descobrir que eu estava sozinha, me acolheu, junto com a igualmente linda e gentil Addison Ausley, como girl friend delas. A conexão com as minhas duas novas e já melhores amigas americanas foi imediata. Conversamos, bebemos, cantamos, dançamos e aproveitamos cada minuto daquela noite, que era exatamente o que eu precisava depois do turbilhão de acontecimentos que antecederam as minhas férias.

O ponto alto da noite foi na Karlovy Lazne. Cada um dos cinco andares da boate toca um estilo diferente de som e todos têm bar, janela e pista de dança. A impressão é de que a cada andar você chega a uma boate diferente, já que até a decoração muda de acordo com o andar escolhido.

O térreo é a entrada da boate, com a bilheteria e um bar. O primeiro nível, que fica no subsolo, é o Music café, com computadores com acesso liberado à internet e estilo R&N e rap. O primeiro andar, onde ficamos a maior parte do tempo, é chamado de Discotheque e dedicado às musicas das antigas discotecas.  O segundo andar, conhecido como Kaleidoskop, toca música eletrônica e suas variantes. O terceiro e principal piso da casa é o Paradogs, que mistura os hits atuais da pop music, hip-hop e dance. O último andar é chamado de Chill Out, onde é possível relaxar curtindo um som mais calmo sentado em sofás. Mas abre apenas em alguns dias da semana.

Pub Crawl de Praga, na República Tcheca

Pub Crawl de Praga, na República Tcheca - Crédito: @ahvamosviajar/Instagram


No Discotheque, dancei Time of Life (Dirty Dancing), Summer Nights (Grease) e You're the one that I want (Grease) com dois lindíssimos garotos de Hamburgo (Alemanha)- esse destino me persegue- e, já no fim da noite, cantei e dancei hits da minha adolescência com outros quatro alemães (duas meninas e dois meninos) que estavam neste grupo de amigos, todos lindos, cheirosos, simpáticos e, o mais importante, dançantes.

Quando eu me preparava para ir embora junto com as minhas american girls, paramos no piso Paradogs. Estava tocando funk brasileiro e eu queria ensinar as minhas garotas a danças até o "chão, chão, chão, chão". Depois de algumas músicas por lá o joelho já não respondia aos meus comandos. Era hora de me despedir das minhas duas novas amigas com direito a muitos abraços sinceros e "i'll miss you". Saudade enorme delas e dessa noite. A ressaca passa, mas as novas amizades ficam.

Códigos e descontos para hospedagens:
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Contato:
E-mail: [email protected]
Instagram: @ahvamosviajar
Facebook: /AhVamosViajar
Youtube: c/Ahvamosviajar


* Priscilla Aguiar é jornalista, editora adjunta do Portal FolhaPE e criadora dos perfis 'Ah, vamos viajar' no Instagram, Facebook e Youtube com dicas, fotos e vídeos de suas passagens por pelo menos 17 países. 

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