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Como escolher peixe para a Semana Santa? Confira dicas de especialista da vigilância sanitária

Gerente de vigilância sanitária do Recife alerta para cuidados na compra, transporte e no preparo dos pescados

O que é preciso observar na hora de escolher o peixe da Semana Santa?O que é preciso observar na hora de escolher o peixe da Semana Santa? - Foto: Freepik

A tradição de consumir peixe durante a Semana Santa atravessa gerações e permeia religiões, mas, para manter a saúde da família protegida, o consumidor deve estar atento a detalhes que vão muito além da escolha do tipo de peixe. 

O gerente de vigilância sanitária do Recife, Pedro Albuquerque, em entrevista à Folha de Pernambuco, fez uma série de recomendações e alertas sobre as condições adequadas de um pescado para consumo. Uma vez que, seja ele qual for, o pescado é um alimento extremamente sensível e descuidos podem causar intoxicações alimentares sérias.

Como escolher o peixe da Semana Santa?
A primeira regra básica é observar como o peixe está sendo armazenado no ponto de venda. Segundo o especialista, o produto pode estar em duas condições: congelado, a -20°C, ou resfriado, com temperatura próxima de zero, mantido em gelo abundante.

 “É muito comum encontrarmos, nessa época, peixes que não estão sob a refrigeração adequada, ou mesmo descongelandos já”, explica.

“O peixe pode até não estar completamente congelado, mas ele precisa estar envolto completamente em gelo, porque a temperatura que ele deve ficar é muito perto de zero. A ideia é que ele fique ali, pelo menos, perto dos dois graus”, complementa.

O gerente de vigilância sanitária ainda explica que temperaturas inadequadas (mais elevadas) facilitam o desenvolvimento de bactérias. 

“Se o peixe ficou por muito tempo em temperatura ambiente, ou não ficou na temperatura adequada, ficou ali entre uns 10, 15 graus, dependendo de quanto tempo ele ficou ali, algumas bactérias já podem ter crescido”, alerta o especialista.

O que é preciso observar na hora de escolher o peixe da Semana Santa?O consumidor deve estar atento a detalhes que vão muito além da escolha do tipo de peixe | Foto: Freepik

Condições ideais 
Para garantir que o peixe esteja fresco e em boas condições de consumo, Pedro aponta quais os sinais visuais e olfativos que podem ser observados. 

O corpo do peixe deve estar firme, resistente, sem manchas escuras ou avermelhadas, com escamas brilhantes e bem aderidas. Os olhos precisam parecer vivos e brilhantes, não devem estar nem opacos, nem murchos.

O abdômen não deve estar nem murcho, nem inchado, e ele deve ter cheiro de peixe, que é um cheiro forte e característico, mas sem odor desagradável. As brânquias devem apresentar uma cor rosa avermelhada, úmida e brilhante, se estiverem com um tom vermelho mais escuro, ou pálido demais, pode significar um sinal de alerta. 

“Às vezes, quando o peixe já está ‘estragado’, a gente passa a mão nas escamas e elas já soltam, isso não é normal, é um sinal de deterioração também. É importante sempre observar as condições de armazenamento. O pescado tem que estar no gelo, não é na água fria. Tanto peixe como camarão, como todos os pescados, os frutos do mar”, aponta Pedro.

No caso dos pescados congelados, como camarões, também é preciso estar atento. O gerente de vigilância sanitária relata que é comum encontrar produtos desse tipo envoltos por camadas de gelo dentro das embalagens, o que não é normal. 

“O pescado congelado ele tem que estar sem nenhum gelo nenhum em volta dele. Às vezes mal dá pra ver o camarão, fica só aquela bola de gelo. O que pode ter acontecido ali é que, durante o transporte ou algum outro momento, o camarão foi descongelado e quando recongelou ficou aquela camada de gelo em volta”, afirma.

O que é preciso observar na hora de escolher o peixe da Semana Santa?Gerente de vigilância sanitária do Recife alerta que os cuidados se estendem até o preparo do peixe | Foto: Freepik

Com relação aos peixes salgados, como o bacalhau, bastante tradicionais durante a Páscoa, Pedro faz outro alerta importante. Apesar de terem uma durabilidade maior, o sal não impede totalmente o surgimento de bactérias.

“Esses peixes têm a duração da validade muito prolongada, e muitos deles podem ficar até sem refrigeração porque o sal conserva. Porém, sempre que tiver um aspecto rosado naquele peixe salgado, como o bacalhau, é preciso estar atento. Quando o bacalhau está mais rosado, assim como a carne de charque, é um sinal de que houve deterioração e cresceram bactérias resistentes ao sal ali. Então, não se deve consumir o bacalhau que tiver com esse aspecto rosado”, orienta.

Cuidados com o peixe da Semana Santa
O transporte do peixe para casa também exige atenção. “Congelado, vai do mercado para casa, é preciso mantê-lo congelado durante o transporte até o freezer e só descongelar na hora de fazer o preparo”, ressalta Albuquerque. 

O gerente pontua, ainda, que o consumidor deve continuar atento no momento de preparar o pescado para o consumo. “Uma coisa que se deve estar atento, principalmente quando se compra um peixe inteiro, é que é preciso retirar as vísceras e limpar bem, porque ali pode ter bactérias sujeitas à contaminação”.

É preciso seguir todas essas etapas, desde a compra até o preparo do alimento, com bastante atenção. O consumo de peixes mal conservados ou mal preparados pode gerar sintomas graves de intoxicação alimentar. 

“Uma  pessoa que consumir um pescado contaminado pode apresentar sintomas como diarreia, vômito, dores de cabeça, e, em casos mais extremos, ter febre alta, sangramentos nas fezes, e precisar de internação. Enfim, o pescado é um produto muito sensível para que ocorra esse tipo de problema”, finaliza o especialista.

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