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O recomeço forçado após o Holiday

Ex-moradores do edifício correm contra o tempo para encontrar nova moradia

Quem vivia no edifício, como Josefa Regina, do 16º andar, precisou desocupar o prédio sem a utilização de elevadoresQuem vivia no edifício, como Josefa Regina, do 16º andar, precisou desocupar o prédio sem a utilização de elevadores - Foto: Rafael Furtado

Fechar as portas e dar o último adeus para o lugar que chamava de casa se tornou um processo ainda mais doloroso para os moradores do Edifício Holiday. Com ordem de desocupação voluntária até quarta-feira e autorização do Tribunal de Justiça de Pernambuco para uso da força policial para remoção dos resistentes a partir desta quinta-feira, muitas famílias já correram atrás de uma nova moradia. É o exemplo da aposentada Marta Vieira, de 57 que morava havia 30 anos no prédio e deixou todas as expectativas para trás. Ela, em parceria com sua vizinha, Cristiane Rodrigues, uniram suas famílias para morar de aluguel em um apartamento no Pina, Zona Sul do Recife.

Cristiane, 33, vivia no 16º andar do Holiday havia 12 anos e criou seus dois filhos lá. Eles, ainda novos, não entenderam a gravidade do acontecimento e todos os dias perguntam sobre a antiga casa. “Mudou completamente a rotina das crianças. O mais novo faltou oito dias a escola por causa da mudança e agora paga passagem”, reclama a mãe de Gabriel, de 12 anos, “com esse aumento, agora são quase dez reais todo dia e já é um peso a mais no dinheiro de casa”.

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Cristiane conta que ao saber da notícia procurou às pressas um lugar para morar, e que, instantaneamente, lembrou de sua vizinha, Marta, diabética que possui diversos problemas de saúde e conta com a ajuda dos vizinhos. “Não dava para ficar com as crianças, e ela não tinha para onde ir. Morando no 16º andar, quem iria cuidar dela?”, conta.

Foi grande o impacto da mudança. Cristiane, enquanto procurava uma nova moradia e cuidava da sua mudança e da vizinha, perdeu o emprego que tinha de vendedora. Enquanto Marta, sem energia em casa, diz que não toma seus remédios para diabetes desde a quarta-feira de Cinzas do Carnaval. “Aqui a gente se sente como se fosse um acampamento”, descreve a mãe das crianças, “não deu para trazer tudo porque não cabe, mas por enquanto só vou me preocupar em me adaptar à nova casa”.

Marta não esconde a revolta por ter perdido seu apartamento. Criada no edifício, a ex-moradora possuía além do seu, mais quatro aposentos, de onde retirava sua renda. Agora, ela corre atrás da aposentadoria e defende que o Governo deveria lhe indenizar. “Eles querem tirar a gente e vender a preço de banana, mas o meu apartamento eu não vendo. Agora, nós estamos unidas nesse aperto. Estou tentando me habituar, mas minha saúde não vai melhorar enquanto isso não se resolver”, declarou.

São vários os destinos dos donos do Holiday expulsos de casa. Semíramis Gomes, 37, conseguiu alugar um apartamento pequeno na Domingos Ferreira, em Boa Viagem. Michel Conceição, 39, precisou alugar um lar em Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes. Já Darci Gomes, 62, vai morar na casa da filha, também em Boa Viagem. Outros foram para o abrigo da Prefeitura do Recife.

No dia 13 de março, o TJPE determinou a interdição e desocupação do edifício com prazo de retirada até quinta-feira. O Edifício Holiday, localizado no bairro de Boa Viagem, deve ser desocupado até quinta à tarde. Cerca de 70% do prédio já foi desocupado.

A defesa jurídica dos moradores trabalhava com a possibilidade de um efeito suspensivo para reverter a ordem de interdição. Um laudo técnico de engenheiros chegou, inclusive, a ser entregue à Justiça.

Porém, quarta-feira, o juiz de 1º grau, Luiz Rocha, manteve a posição pela saída dos moradores. “Ficamos, infelizmente, muito tristes com a decisão porque a Defesa Civil disse que se tivéssemos um engenheiro que emitisse um laudo técnico, ela não se oporia a ficarmos. E, mesmo assim, o laudo não foi considerado”, reclamou Maiza Amaral, advogada do Holiday. Agora, ela espera que o pedido de reconsideração seja revertido na 2ª instância.

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