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Óleo possui 'contaminantes severos à vida e ao meio ambiente', diz especialista

De acordo com a professora Soraya El-Deir, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, equipamentos de proteção que estão sendo utilizados não são suficientes

Contato com óleo pode ser prejudicial à saúdeContato com óleo pode ser prejudicial à saúde - Foto: Arthur Mota / Folha de Pernambuco

Após a contaminação das praias do litoral pernambucano pelos resíduos de óleo, a mobilização pela limpeza da costa continua. Na praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, alguns voluntários atuam de forma minuciosa. Usando instrumentos como peneiras, que servem como pequenos filtros, os colaboradores conseguem retirar os resquícios sólidos do óleo que ficaram na areia.

Em todas as localidades afetadas, a ação de voluntários tem sido fundamental, entretanto, as águas ainda estão longe de estarem próprias para o banho. De acordo com Soraya El-Deir, professora do programa de Pós-graduação em: Engenharia Ambiental da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e especialista em Gestão de Resíduos Sólidos, a substância possui resíduos que, com o contato com a pele, podem ser prejudiciais à saúde.

A professora explica que o óleo pode conter substâncias tóxicas e voláteis, como o benzeno, que podem se espalhar pela água com maior facilidade. “Esse material tem componentes voláteis, nele existem produtos de policiclos que são aromáticos e esses são mais persistentes, são contaminantes mais severos à vida e ao meio ambiente. São substâncias que podem até gerar câncer”, afirma El-Deir.

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Devido aos riscos que o contato com o óleo pode trazer, indica-se o uso de equipamentos de proteção individual, os EPIs. Segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, os equipamentos foram adquiridos de forma emergencial e estão sendo disponibilizados para os voluntários. No entanto, El-Deir alerta que até os equipamentos utilizados pelos funcionários de órgãos governamentais são inadequados.

“O EPI deveria ser a bota, a luva e uma máscara de gás - que não é que está sendo fornecida nas praias. As pessoas estão atuando com máscaras de pó, que, nesse caso, são inteiramente inúteis”, disse a professora. El-Deir ainda afirma que a entrada no mar deveria ser feita com vestes apropriadas, de modo que todo o corpo ficasse protegido.

“Está havendo uma negligência, uma incompetência gerencial e de planejamento. O que a gente vê é uma atraso na resposta que deveria ser dada em uma situação de emergência. Colocar exército aqui a disposição não é o suficiente, porque existe um custo operacional dessas operações que precisa ser bancado pelo Estado Brasileiro, não pelas pessoas”, reclamou a pesquisadora.

Equipada com botas e luvas, a jornalista Damires Patrícia, 21, chegou em Itapuama por volta das 9h e atuou no recolhimento de pequenos fragmentos de óleo na faixa de areia. Para ela, ver o litoral nessa situação é triste e serve como alerta para que o ser humano se preocupe mais com o meio ambiente. "É muito triste ver isso, o litoral é nosso. Eu não sei mais o que tem que acontecer para o ser humano perceber que a gente depende da natureza", conta. Este já é o terceiro dia de atuação da jornalista na limpeza das praias.

"Agora é só trabalho de formiguinha mesmo, de retirar essas partículas da areia, um trabalho que é bem difícil de ser feito”, disse a voluntária.

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