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ONU destaca projeto de socioeducandos da Funase

Projeto produz detergente caseiro que não causa dano ao meio ambiente. Jovens participaram de intercâmbio com alunos franceses

A fórmula do produto é simples: vinagre, água aquecida, bicarbonato de sódio e sabão de coco. Elementos  industriais, como ácido sulfônico, não são utilizadosA fórmula do produto é simples: vinagre, água aquecida, bicarbonato de sódio e sabão de coco. Elementos industriais, como ácido sulfônico, não são utilizados - Foto: Arthur Mota

A ideia de produzir um detergente caseiro que não agrida o meio ambiente pode parecer simples, mas para os socioeducandos do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Jaboatão dos Guararapes, o impacto do projeto vai além da preservação ambiental. O projeto teve destaque na edição mais recente da Revista PEA-Unesco e em postagem feita no perfil da ONU France no Twitter. A escola pública que funciona na unidade da Funase em Jaboatão é associada à Rede PEA-Unesco desde 2015, sendo a única instituição de ensino para adolescentes em privação de liberdade do Brasil a participar do rol de 583 associadas.

Dessa lista, fazem parte 256 escolas públicas e outras dezenas de instituições particulares de 24 unidades da federação. O projeto ocorreu no âmbito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Os estudantes puderam vivenciar um intercâmbio com os alunos secundaristas do Lycée Sainte Marie, situado em Aire-sur la Lys na França. De forma prática, em salas de aula dos dois países, os alunos participaram de ações de análise da qualidade da água e de produção de detergentes caseiros.

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“Essas atividades trouxeram uma melhora no aprendizado, basta olhar os índices de aprovação dos resultados finais, que em 2012 era de 50% e agora alcançamos 93,87% de aprovados. Produzir conhecimento para esses meninos não é uma tarefa fácil”, afirma o coordenador. “Mas é gratificante estar construindo uma escola alegre, viva e motivadora”, conclui. Para J.P., de 15 anos, a experiência o fez refletir sobre o seu futuro. “Nunca tinha pensado que poderia criar algo e que podemos melhorar a natureza e preservá-la. Penso em quando sair daqui, continuar produzindo, usando em casa e até para vender. Vamos ver no que dá. Mas, quero continuar estudando”, afirma o jovem.

Essa mesma perspectiva de mudanças, longe da criminalidade, também passa pela cabeça de W.J, 14 anos. “Agora eu sei que posso fazer algo bom e passar para as outras pessoas isso. Agora sei que preciso estudar cada vez mais”, disse. O coordenador pedagógico do anexo da Escola Estadual Frei Jaboatão, Valter Gomes Carneiro, explica que esse projeto desenvolvido na escola - e que já envolveu mais de 20 socioeducandos desde o ano passado - se baseia em três pilares: a economia, o social e a sustentabilidade. “Gerar renda é muito difícil, então com esse material eu tenho a possibilidade de mexer na economia. Nós temos uma relação direta com o social, enquanto cidadãos. E tenho a defesa do meio ambiente”, disse Carneiro.

A fórmula é simples: vinagre, água aquecida, bicarbonato de sódio, e sabão de coco. Elementos industriais, como o ácido sulfônico, não são utilizados, por isso o material de limpeza não causa danos ao meio ambiente. “Foi um projeto interno, mas que tomou uma dimensão muito grande. Nós acreditamos que o conhecimento é a ponte para a construção de uma vida melhor e apostamos na educação para isso”, afirma o coordenador geral do Case Jaboatão, Mozat Lourenço.

A unidade atende 67 internos entre 12 e 16 anos e, segundo o coordenador, os casos reincidentes são cada vez menores. “Eles têm as habilidades reconhecidas e, cada vez mais, dão passos seguros para terem todas as condições de se reintegrar à sociedade.”

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