Pandemia

OPAS pede 'estratégia integral' para conter a Covid-19 nas Américas

Em situação crítica, continente continua sendo o epicentro mundial da doença

Sozinha, a vacinação não será capaz de frear a atual onda de infecções pelo coronavírus Sars-CoV-2Sozinha, a vacinação não será capaz de frear a atual onda de infecções pelo coronavírus Sars-CoV-2 - Foto: Alain Jocard/AFP

A Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) pediu, nesta quarta-feira (14), que os países das Américas apliquem uma "estratégia integral" para frear a nova onda de Covid-19 que afeta em particular a América do Sul, alertando que as vacinas sozinhas não bastam.

"Precisamos deter a transmissão", urgiu Carissa Etienne, diretora da OPAS, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Isto exigirá estratégias integrais tanto para acelerar a vacinação quanto para controlar o vírus, utilizando medidas de saúde pública comprovadas", enfatizou, advertindo contra um relaxamento no uso de máscaras e no distanciamento social.

Só na última semana, mais de 1,3 milhão de pessoas se infectaram com o coronavírus Sars-CoV-2 nas Américas e quase 36 mil morreram com o vírus, segundo um balanço da OPAS.

"Mais pessoas se infectaram em nossa região nos últimos sete dias do que a maioria das médias semanais de casos que vimos no ano passado. E nossas mortes semanais superam em número as de qualquer semana de 2020", disse Etienne.

A América do Sul continua sendo o epicentro da pandemia nas Américas. Brasil, Colômbia, Venezuela, Peru e algumas regiões da Bolívia registaram um forte aumento de casos e as infecções se aceleraram na Guiana Francesa e na Guiana, assim como no Paraguai, Uruguai, Argentina e Chile.

No Caribe, Cuba, Porto Rico, Curaçao, Bermudas e Aruba mostram aumentos nos contágios, enquanto na América do Norte, o Canadá viu uma alta nas hospitalizações.

Mais jovens afetados 
"Estamos em um momento crítico da resposta regional com alto risco de ter um repique mais importante do que durante o ano 2020", disse Sylvain Aldighieri, gerente de incidentes da OPAS.

Ele destacou que, desde o começo de 2021, se observou um aumento de casos, hospitalizações e mortes na população jovem (10 a 24 anos) e adulta (25 a 59 anos) em países como Argentina, Brasil, Canadá, Chile e Estados Unidos. 

"A percepção de risco pode ter diminuído pela pressão econômica ou pela pressão social e uma falsa sensação de segurança pelo início das campanhas de vacinação", disse.

Etienne pediu para os países agirem como região para enfrentar "um surto cada vez mais grave”. "Os líderes de todos os níveis têm um papel crucial a desempenhar para deter a propagação deste vírus mediante o endurecimento das medidas no primeiro sinal de aumento das infecções e a manutenção destas medidas até que seja seguro", acrescentou.

As quarentenas estritas são necessárias para reduzir a transmissão? Ciro Ugarte, diretor do Departamento de Emergências em Saúde da OPAS, disse que "as medidas drásticas têm que ser de duração muito limitada" e "localizadas”. E pediu "disciplina" para o cumprimento das ações de prevenção recomendadas.

Atrasos no Covax
As vacinas não serão uma solução imediata, destacaram os especialistas da OPAS. Mais de 247 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram injetadas até agora nas Américas, das quais mais de 192 milhões nos Estados Unidos. 

Segundo cifras da OPAS, na América do Norte, 24% da população já recebeu pelo menos uma dose, enquanto na América do Sul, foram apenas 9,4%.

"Para a maioria dos países, as vacinas não vão deter esta onda da pandemia. Simplesmente, não há vacinas disponíveis suficientes para proteger todo o mundo nos países com maior risco", disse Etienne.

A OPAS disse que três milhões de doses foram entregues a 29 países latino-americanos e caribenhos através do mecanismo global Covax, que busca garantir um acesso equitativo às vacinas.

Mas Etienne admitiu haver limitações dos produtores que retardaram as entregas do Covax. "Passarão algumas semanas antes que os fornecimentos se normalizem", disse.

O vice-diretor da OPAS, Jarbas Barbosa, disse que cerca de 70% das entregas ocorrerão em junho. "O acesso equitativo é chave não apenas para garantir a equidade para os países, mas para controlar a transmissão e evitar novas variantes", destacou.

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