Dom, 07 de Dezembro

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opinião

A força da cana e os desafios do setor sucroenergético

A cadeia sucroenergética é mais do que um setor econômico — é parte da história e da identidade de Pernambuco. A cana-de-açúcar ajudou a construir a Zona da Mata e continua sendo um pilar essencial da nossa economia. Hoje, cerca de 75 mil empregos diretos e 200 mil indiretos dependem dessa atividade, que movimenta mais de 60 municípios.

Pernambuco tem papel de destaque no cenário nacional: responde por 25% do etanol e 37% do açúcar produzidos no Nordeste, contribuindo diretamente para que o Brasil mantenha sua posição de 2º maior produtor de etanol e líder mundial na produção de açúcar. Mas, apesar de toda essa relevância, o setor enfrenta um momento crítico que ameaça seu equilíbrio e o futuro de milhares de trabalhadores.

Refiro-me ao tarifaço de 50% imposto pelo governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, sobre o açúcar brasileiro. Essa medida, adotada recentemente, afetou de forma direta as exportações pernambucanas e provocou perdas expressivas para produtores, usinas e municípios. Trata-se de um golpe severo em uma cadeia produtiva que já enfrenta desafios estruturais e que precisa, mais do que nunca, do apoio do poder público.

Por isso, fiz a defesa na Assembleia Legislativa de Pernambuco da criação por parte do Governo Federal de uma subvenção agrícola emergencial de R$ 12 por tonelada de cana produzida. Esse apoio seria fundamental para compensar as perdas provocadas por fatores externos e garantir a continuidade da produção. Estamos falando de 13,5 milhões de toneladas de cana em Pernambuco e mais de 52 milhões de toneladas no Nordeste. Manter essa cadeia ativa significa preservar empregos, renda e estabilidade econômica em dezenas de municípios.

A história mostra que, quando há parceria entre o setor produtivo e o poder público, os resultados aparecem. Foi assim com o PROÁLCOOL, com o PROMATA, com o PRORENOR e o PRORESUL, iniciativas criadas no governo Jarbas Vasconcelos que modernizaram a produção e geraram milhares de oportunidades. Hoje, com a Lei do Combustível do Futuro, sancionada pelo presidente da República, o país volta a ter a chance de transformar os biocombustíveis em um vetor central da transição energética — e a cana-de-açúcar tem um papel decisivo nesse processo.

No âmbito estadual, defendo que o Governo de Pernambuco adote medidas concretas para fortalecer a cadeia sucroenergética, como a criação de um Grupo Executivo Permanente de Estudos e Planejamento, reunindo governo, Assembleia e setor produtivo para ampliar o setor; a inclusão da Zona da Mata no Projeto Pernambuco Agroecológico, integrando a cana-de-açúcar à fruticultura, à pecuária de leite e ao cultivo de mandioca; e a ampliação da campanha de valorização do etanol, prevista na Lei Estadual nº 17.026/2020, estimulando o uso desse combustível limpo e estratégico para o futuro energético do Estado.

Defender o setor sucroenergético é defender o presente e o futuro de Pernambuco. É investir em desenvolvimento sustentável, geração de empregos e segurança energética. O que o setor pede não é privilégio, mas reconhecimento — e o apoio necessário para continuar movendo a economia e transformando a vida de milhares de pernambucanos em todos os cantos do nosso Estado.


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