Dom, 07 de Dezembro

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opinião

Na beira do abismo, dar um passo atrás pode representar um grande avanço

Estamos mais uma vez enfrentando um momento crítico para o multissecular setor sucroalcooleiro, que atinge de forma mais contundente o Nordeste no geral e no particular Pernambuco, onde as condições gerais para o exercício da atividade são mais difíceis, face a uma conjunção de fatores adversos que se exacerbam em momentos como o que ora atravessamos, desta feita em função do mercado, deprimido para os produtos finais açúcar e etanol, com destaque para os níveis de preço no mercado internacional por somatório de fatores políticos, econômicos e da inexorável lei da oferta e procura.

Sendo assim, para não ter que reinventar a roda, talvez seja melhor dar um passo atrás de 26 anos e buscar inspiração no IAA, nosso escudo protetor de bons e maus momentos, observado que foi em função desses movimentos, que historicamente impuseram desafios de sobrevivência a atividade, que somados ao maior custo de produção no Nordeste comprometendo a competitividade com o Sudeste, tirando o sentido econômico desse baluarte do esforço para manutenção do emprego e renda na Mata Canavieira. 
Foi criado em 1933 o Instituto do Açúcar e do Álcool — IAA, agência reguladora setorial mantido pelo próprio setor, constando de arcabouço legal protetor ao nordeste canavieiro, que dentre outros mecanismos contava com instrumento de equalização dos custos de produção, conhecido como “subsídio de equalização de custos de produção” contemplando a cana, o açúcar e o álcool de origem nordestina, bem como a operação de “warrantagem”, financiando os estoques, de sorte que o produto não fosse imediatamente para o mercado, evitando potencializar a queda de preços em momentos como o que ora se configura.

Vale destacar a presença de gestores nordestinos na condução do antigo IAA, como verdadeiros guardiões da histórica vocação do Nordeste pela atividade canavieira, valendo citar nessa ilustre galeria, os pernambucanos como Barbosa Lima Sobrinho, ex-governador de Pernambuco, Gileno de Carli, Manoel Gomes Maranhão, Evaldo Inojosa de Andrade e outros, além daqueles que compunham o “Conselho Deliberativo” da Entidade composta predominantemente por nordestinos de tradição canavieira dentre outros, nomes como Romero Cabral da Costa, industrial da Usina Pumaty, Francisco Falcão, presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco. 

Deixando de lado os arrodeios preliminares, mais uma vez recorremos aos sábios ditados, quando afirma, que “por vezes quando estamos a beira do abismo dar um passo atrás pode representar um grande avanço”, estejam  certos de que estamos precisando dar um passo atrás, para adotar solução emergencial para a grave crise que o Setor está enfrentando, adotando alternativas de sobrevivência com o DNA do antigo e saudoso IAA, quais sejam, a restituição da subvenção à cana de açúcar e a warrantagem (financiamentos dos estoques) de açúcar e etanol, reduzindo a oferta até que os preços se ajustem, sem comprometer o sentido econômico da atividade no Nordeste.

A saneadora providência se adotada contando com o concurso do BNB — Banco do Nordeste ou do BNDES, com custos de financiamento de estoques (warrantagem) compatíveis, e risco minimizado pela garantia do produto (açúcar e etanol) estocado, teria imediata repercussão econômica e social, mitigando a iminente perda de postos de trabalho na Mata Canavieira, bem como o reflexo na contribuição tributária direta e indireta para os estados produtores oriunda do Setor em crise aguda. 

Fica a sugestão, que vem do antigo IAA, warrantagem dos estoques de açúcar e etanol e a subvenção à cana do nordeste, providencia que já consta da pauta do esforço que vem sendo desenvolvido pelos líderes canavieiros Alexandre de Andrade Lima e Pedro Campos Neto, respectivamente, presidentes da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco e o Presidente da Unida — União nordestina dos Produtores de Cana.
 


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