O Holiday. Mercado está certo. Nunca perder dinheiro.
O imóvel é uma raridade em Boa Viagem. Mais de 6 mil metros quadrados de terreno, quase 70 anos de construção e ainda é de propriedade de seus moradores. Isso porque os argumentos da prefeitura em 2019 vieram por água abaixo ainda naquele mesmo ano. Concreto é inflamável, a estrutura é sólida, nem incêndio, tampouco ruína. Isso dito por quem entende de engenharia e pode assinar embaixo.
Professores da Escola Politécnica Estadual e da Escola de Engenharia da Federal, o Sindicato dos Engenheiros, a ABENC/PE – Associação de Engenheiros Civis com seus 500 profissionais associados, diversas outras entidades técnicas especializadas e o CREA/PE, que elegeu um grupo de trabalho para estudar a questão. Até mesmo os peritos judiciais têm a mesma opinião. O edifício é sólido e encontra-se estável.
O mercado a tudo escutou e entendeu. A experiência do Estelita mostrou que o mercado quando erra, perde muito dinheiro. E isso o mercado discorda. Ganhar dinheiro é o negócio deles, perder, nunca. A maior prova foi a ausência de interessados no leilão realizado no fim de janeiro. Ninguém compareceu. Claro. Para além da várias entidades e instituições envolvidas e na defesa do Holiday, uma outra, agora em caráter judicial, proibiu a demolição do imóvel, restando apenas a hipótese do “Retrofit”.
Essa luta está longe do fim, concluíram. E deverá ser decidida provavelmente em favor dos moradores e aí a conta a pagar será cara, muito cara. Somente de aluguéis que são devidos aos moradores expulsos de suas casas e que serão oportunamente cobrados, a conta já passa de R$ 30 milhões. Fora outras demandas previstas em lei destinadas a reparar o enorme erro cometido, as quais virão se somar a essa conta inicial. Trabalho, tempo e dinheiro será jogado fora. O mercado está certo. Estamos fora. Outras e melhores oportunidades estão batendo à porta. Por que insistir nessa?
Mais importantes questões ainda serão respondidas nas instâncias legais adequadas. Por exemplo: os moradores sequer têm dívidas que permitissem a penhora de seus imóveis, menos ainda pediram para vender suas casas, essas são bens de família, inalienáveis na forma da lei. Sequer puderam se reunir em assembleia para tratar o tema. Tudo feito à revelia de suas vontades.
Os projetos para recuperação da estrutura e instalações elétricas comuns estão prontos e aprovados. Proposta para novos elevadores também. Equipe técnica e voluntária de apoio está trabalhando e sempre a postos. O caminho para o financiamento das obras e serviços encontra-se no Programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal. Enfim, tão logo a almejada assembleia de moradores seja autorizada, os moradores poderão discutir e decidir o destino de seus imóveis. Só isso.
A luta vem se arrastando há quase 6 anos. Isso mesmo. 70 meses desde a desocupação do imóvel. Pode se arrastar ainda por muito tempo Moradores de pé resistem e lutam. Aguardam somente a oportunidade de se reunir e decidir. Aí reside a esperança. Que suas preces sejam escutadas. A justiça será feita.
VERDADE E POLÍTICA NUNCA TIVERAM BOAS RELAÇÕES (Filósofa Hannah Arendt).
* Engenheiro civil, presidente da ABENC/PE.
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