Coronavírus

Os estragos do coronavírus comparados a outros vírus mortais

Número de mortes pela Covid-19 está prestes a ultrapassar um milhão, mais do que as causadas por outros vírus recentes

Muro grafitado em Gaza, na PalestinaMuro grafitado em Gaza, na Palestina - Foto: MOHAMMED ABED / AFP

O número de vítimas fatais da pandemia do novo coronavírus está prestes a ultrapassar um milhão, muito mais do que as causadas por outros vírus recentes, mas muito menos do que a terrível "gripe espanhola" de um século atrás. 

A contagem, que inclui apenas mortes oficialmente registradas, é provisória, uma vez que a pandemia continua. Mas é uma referência para comparar sua devastação com a de outros vírus, atuais e passados.

Vírus do século XXI 
O número de mortes causadas pelo Sars-Cov-2 (o vírus responsável pela atual covid-19) excede o de epidemias de vírus que surgiram no século XXI.

Em 2009, a epidemia de gripe A (H1N1), chamada de "suína", foi um alerta pandêmico. Oficialmente, causou 18.500 mortes. Esse saldo foi revisado em alta pela revista médica The Lancet, que estimou entre 151.700 e 575.400 mortes.

A epidemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) foi causada por um vírus que apareceu na China. Foi o primeiro coronavírus a desencadear pânico global, mas no total causou 774 mortes em 2002-2003.

Os coronavírus são uma ampla família de vírus que podem causar doenças.

Epidemias gripais
O balanço da covid-19 é frequentemente comparado ao da gripe sazonal. "Em todo o mundo, essas epidemias anuais são responsáveis por cerca de 5 milhões de casos graves e entre 290.000 e 650.000 mortes", segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No século XX, duas grandes pandemias de gripe causadas por novos vírus (não sazonais), a pandemia de 1957-58 conhecida como gripe asiática e a gripe de Hong Kong de 1968-70, provocaram aproximadamente um milhão de mortes cada, de acordo com contagens retrospectivas, embora pareçam ter sido esquecidas.
 

Mas aconteceram em um contexto muito diferente de hoje. A globalização tem causado intensas relações econômicas e as pessoas (e, portanto, os vírus) circulam cada vez mais rápido. 

Se voltarmos mais atrás no século XX, a grande gripe de 1918-1919, conhecida como gripe "espanhola" (também causada por um novo vírus) foi uma hecatombe: em três "ondas" causou um total estimado de 50 milhões de mortes, segundo dados publicados no início dos anos 2000.

Vírus tropicais
O número de mortos pelo novo coronavírus já é muito maior do que o temível ebola, cujo aparecimento remonta a 1976. 

O último surto da "doença do vírus ebola" matou quase 2.300 pessoas na República Democrática do Congo (RDC) entre agosto de 2018 e o final de junho de 2020. Se somarmos todas as epidemias de ebola ao longo dos últimos 40 anos, o vírus causou cerca de 15.000 mortes, todas elas na África.

E isso porque o ebola tem uma taxa de mortalidade muito maior que a do coronavírus Sars-Cov-2: cerca de 50% dos doentes morrem e em algumas epidemias chega a 90%, segundo a OMS.

Mas esse vírus é menos contagioso do que outras doenças virais: é transmitido por contato direto e não pelo ar.

Outros vírus tropicais, como dengue ou "gripe tropical", cuja variante mais grave pode causar a morte, também apresentam saldos mais baixos. Esta infecção transmitida pela picada do mosquito progride há 20 anos e causa milhares de mortes anualmente (4.032 em 2015).

Outras epidemias virais
Outro vírus assassino, o HIV-aids, para o qual não há vacina eficaz décadas após seu surgimento, causou muitas mortes entre os anos 1980 e 2000.

Graças à generalização das terapias antirretrovirais, o número anual de pessoas que morrem de aids diminuiu desde o pico de 2004 (1,7 milhão). Em 2019 foram registradas 690.000 mortes, de acordo com o UNAIDS.

A aids, que pode ser tratada, mas não tem cura, matou quase 33 milhões de pessoas desde o seu surgimento.

E os vírus das hepatites B e C matam cerca de 1,3 milhão de pessoas por ano, principalmente em países pobres, por cirrose ou câncer de fígado (900.000 mortes por hepatite B e 400.000 por hepatite C). 

A principal fonte de dados é a OMS.

Veja também

Diretora da Folha de Pernambuco, Mariana Costa ganha homenagem
HOMENAGEM

Diretora da Folha de Pernambuco, Mariana Costa ganha homenagem

Biblioteca perdoa dívida de clientes mediante apresentação de fotos de gato
Folha Pet

Biblioteca perdoa dívida de clientes mediante apresentação de fotos de gato