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Internacional

Otan busca definir novas relações com Washington

Após os desentimentos no governo Trump, os ministros da Defesa da aliança militar se reunirão virtualmente por dois dias para acabar com mal-entendidos

Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, numa conferência de imprensa virtual em BruxelasSecretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, numa conferência de imprensa virtual em Bruxelas - Foto: Olivier Hoslet / Pool / AFP

A Otan iniciou nesta quarta-feira (17) uma revisão de suas relações com o novo governo dos Estados Unidos com uma agenda carregada de questões de extrema sensibilidade, como a saída do Afeganistão, os eternos problemas orçamentários e o agravamento das tensões com a Turquia.

Os ministros da Defesa da aliança militar se reunirão virtualmente por dois dias, uma oportunidade para acabar com mal-entendidos que surgiram durante a administração de Donald Trump em Washington.

O desentendimento mais sério ocorreu quando Trump decidiu retirar as tropas americanas do Afeganistão e, marginalizando seus aliados da Otan, abriu negociações com o Talibã.

O governo Biden está analisando se deve cumprir o prazo de retirada de 1º de maio ou ficar e arriscar uma reação sangrenta dos insurgentes.

O novo secretário da Defesa americano, Lloyd Austin, falará aos seus 29 colegas de Washington. Nenhum anúncio concreto é esperado na quinta-feira após as discussões.

"Embora nenhum aliado queira ficar no Afeganistão mais do que o necessário, não partiremos antes da hora certa", disse na segunda-feira o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

"Decidir juntos"
O destino da missão militar no Afeganistão estará sujeita à decisão dos Estados Unidos sobre o Talibã. Washington deve decidir se os rebeldes descumpriram suas promessas no acordo de paz, aumentando os ataques violentos e deixando de avançar nas negociações com o governo de Cabul.

O Talibã lançou uma série de ofensivas e já alertaram os membros da Otan para não buscarem uma "continuação da ocupação e da guerra" permanecendo no território afegão.

A Aliança Atlântica busca desesperadamente evitar que o país volte a ser um santuário para grupos como a Al-Qaeda, duas décadas após o início das operações militares após os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos.

Trump reduziu o número de soldados americanos nos últimos dias de seu mandato a 2.500, seu menor número desde o início da guerra em 2001. 

Por sua vez, o novo secretário de Defesa dos Estados Unidos buscará superar as divisões.

Em um artigo publicado nesta quarta no The Washington Post, Austin disse que pretende assegurar aos aliados da Otan que os Estados Unidos "liderarão novamente".

"Devemos consultar juntos, decidir juntos e agir juntos", escreveu.

Por sua vez, a ministra da Defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer, disse a repórteres que "ainda não estamos em posição de falar sobre uma retirada das forças internacionais no Afeganistão". 

Para ela, as negociações entre o Talibã e o governo afegão "ainda não terminaram para que as tropas [da aliança] possam se retirar" do país.

Turquia e orçamento
Para além das divergências em relação ao Afeganistão, a agenda deverá centrar-se nas difíceis relações com a Turquia.

A relação entre Washington e Ancara passou por momentos de extrema dificuldade nos últimos anos, e até os Estados Unidos aplicaram sanções à decisão turca de comprar o sistema russo de defesa aérea S-400. 

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan acusou na segunda-feira os Estados Unidos de "apoiar terroristas turcos" do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), acusado de ter executado 13 turcos cativos no norte do Iraque.

A Turquia denuncia o apoio de seus aliados às milícias curdas sírias próximas ao PKK, contra as quais as autoridades turcas lutam ferozmente.

Esses combatentes são o braço armado do Partido da União Democrática da Síria (PYD) e participam da coalizão internacional formada contra o grupo Estado Islâmico (EI).

O terceiro nó difícil de desatar é o financeiro. Durante quatro anos, europeus e canadenses suportaram as críticas dos americanos por seus baixos gastos com defesa, em confrontos verbais com Trump que foram verdadeiramente humilhantes. 

Stoltenberg, que antes defendia os argumentos de Trump sem pestanejar, agora admite que eles foram "injustos".

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