Otto Sonnenholzner, o ex-vice que aspira à presidência do Equador
Economista e apaixonado pela comunicação através do rádio, Sonnenholzner acredita que as pesquisas o colocam como segundo favorito
Um vice-presidente que chegou ao cargo sem passar por uma eleição popular e renunciou após um ano e meio. Otto Sonnenholzner, empresário de ascendência alemã, agora concorre ao maior posto do Executivo nas eleições de 20 de agosto.
Uma inesperada incursão política que teve início em dezembro de 2018, quando o Congresso o nomeou vice-presidente de uma lista apresentada pelo então mandatário Lenín Moreno (2017-2021), despertou o seu desejo de governar para "servir".
"Eu não estou aqui por vaidade ou por ego, estou por vocação de servir e capacidade de resolver problemas", contou à AFP o empresário que atua em segmentos do comércio à agricultura.
Economista e apaixonado pela comunicação através do rádio, Sonnenholzner acredita que as pesquisas o colocam como segundo favorito e candidato a disputar as eleições antecipadas, nas quais será definido quem substituirá o direitista Guillermo Lasso.
O novo mandatário, que disputa com outros oito nomes, deverá cumprir o atual mandato, até 2025, após Lasso dissolver o Parlamento em meio a uma crise política, que levou à convocação às urnas.
Embora rejeite se identificar com uma ideologia, o empresário concorreu ao cargo financiado por partidos de direita e marca um distanciamento político de países em que "existem graves deficiências democráticas", como Venezuela e Nicarágua.
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"Sou uma pessoa prática", sustenta, ao relembrar seu trabalho como vice durante a pior crise sanitária durante a pandemia de covid-19 no Equador, um dos primeiros focos do vírus na América Latina.
Seus críticos, no entanto, denunciam sua ligação com o impopular governo de Moreno, que teve quatro vice-presidentes, e sua renúncia quando o Equador ainda se recuperava da crise sanitária.
- "Paz, dinheiro e progresso" -
Sonnenholzner reconhece que o Equador "ainda não se recuperou da pandemia" em termos econômicos e de saúde mental. E outras crises se somaram a isso, como a onda de violência ligada ao tráfico de drogas.
"Estamos em uma situação sem precedentes em questão de insegurança", diz, afirmando que planeja fortalecer a Justiça e os serviços de inteligência para lutar contra o tráfico de drogas, o qual pretende "acertar no bolso".
Seu planejamento prevê que juízes atuem, também, nas embaixadas equatorianas no exterior, com maior proteção e resguardo contra ameaças.
"Tem que ser uma política em que a inteligência seja prioridade. Não se trata de apanhar, é de ter mais informação e estar cinco passos à frente dos criminosos e não três passos atrás", explica ele, que rejeita o porte legal e uso de armas.
O plano do candidato para o Equador se resume em três palavras: paz, dinheiro e progresso.
- Schwarzenegger, Oster e 'salsa choque' -
O homem casado e pai de três filhos brinca com os erros na pronúncia de seu sobrenome, de origem alemã, da região da Bavária.
"Chame-me de Otto e está tudo certo", diz entre risadas ao numerar uma "lista interminável" de apelidos: "Oster", "salsa choque" e "Head and Shoulders", por sua altura notável de 1,83. Até mesmo um apresentador de TV o chamou de Otto "Schwarzenegger", como o ator de Hollywood.
O empresário também zomba de suas habilidades de dança fracas, mas se orgulha de suas proezas no atletismo, basquete, vôlei e futebol.
"A única coisa em que fui muito ruim é nadar, mesmo sendo do litoral (...) Tenho mãos e pés que parecem remos, daqueles que você usa para mergulhar. Talvez (seja) porque eu sou pesado (90kg)", brinca.