Ozempic: os 2 principais alimentos que deixam de ser consumidos por quem toma o medicamento
Estudo americano observou uma redução especialmente de itens processados e de refrigerantes
Os análogos do GLP-1, classe de medicamentos à qual pertencem os remédios Ozempic, Wegovy e Mounjaro, têm se popularizado pelo efeito na perda de peso. Isso porque um dos mecanismos dos fármacos é promover uma maior sensação de saciedade no cérebro. Com isso, os indivíduos ingerem menos alimentos e emagrecem. Mas quais são as principais comidas que somem do prato de quem usa os remédios e perde peso? Um novo estudo buscou responder.
Pesquisadores da Universidade do Arkansas, nos Estados Unidos, realizaram um levantamento nacional que descobriu que as pessoas que usam os medicamentos relatam menor consumo principalmente de alimentos processados e de refrigerantes. Para os responsáveis pelo trabalho, esse cenário tem influenciado até mesmo as estratégias de marketing das empresas.
“Já vimos uma mudança na forma como as empresas alimentícias promovem seus produtos. Para as empresas de alimentos processados, os preços das ações estavam caindo, enquanto os preços das ações das farmacêuticas que fabricam esses medicamentos estavam subindo”, afirma Brandon McFadden, professor e titular de Economia da Política Alimentar na universidade, e um dos autores do estudo, em comunicado.
O especialista cita de exemplo o movimento de fabricantes que lançaram itens direcionados ao público que utiliza os análogos de GLP-1. É o caso da Nestlé, que anunciou uma linha de produtos ricos em proteínas, fibras e nutrientes essenciais, com porções menores, destinada aos usuários.
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Porém, o pesquisador também explica que, embora estudos anteriores já tivessem mostrado que os remédios reduzem a preferência por alimentos ricos em gordura, havia pouca informação sobre quais são as categorias de alimentos exatas que são impactadas pelo tratamento.
Por isso, os cientistas americanos entrevistaram 1.955 consumidores. Entre eles, 495 que fazem uso dos remédios; 468 que já os utilizaram no passado; 492 que consideram dar início a um tratamento e 500 que não pensam em tomar nenhum análogo do GLP-1.
Os resultados do estudo, publicados na revista científica Food Quality and Preference, mostraram que, por categoria, 70% mais indivíduos relataram diminuir a ingesta de processados. De modo semelhante, 50% mais pessoas relataram consumir menos refrigerantes, grãos refinados e carne bovina. Também houve redução significativa no consumo de vegetais ricos em amido, carne suína, álcool, suco de frutas e leite de vaca.
Frango, café, peixes e frutos do mar, nozes, ovos, carnes vegetais, grãos integrais e leites vegetais também apresentaram uma queda relativamente menor no consumo, variando de 10% a 25%. Por outro lado, frutas, vegetais folhosos e água apresentaram um aumento geral.
Jayson Lusk, também autor do estudo, professor, vice-presidente e reitor da Divisão de Ciências Agrícolas e Recursos Naturais da Universidade Estadual de Oklahoma, afirma que o estudo mostra que o uso de agonistas GLP-1 muda tanto a quantidade quanto os tipos de alimentos que as pessoas consomem:
“Esses resultados têm implicações importantes para a indústria alimentícia. Se o uso de GLP-1s continuar a crescer, as empresas de alimentos enfrentarão desafios com a queda da demanda por produtos processados, mas terão oportunidades com o aumento da procura por frutas e vegetais”.
Para McFadden, os achados podem ajudar a orientar o desenvolvimento de estratégias de comunicação direcionadas, aprimorar o posicionamento de produtos e auxiliar na elaboração de recomendações complementares de estilo de vida para pacientes em tratamento com GLP-1.
As evidências são importantes especialmente em meio à alta do uso dos remédios. Nos EUA, houve um crescimento de 300% entre 2020 e 2022.
Inicialmente desenvolvidos para tratar diabetes tipo 2, os medicamentos foram rapidamente reposicionados também para obesidade após o efeito ter sido observado nos estudos clínicos.
Os testes mostram, em média, uma redução de 15% ou mais do peso corporal, com efeitos colaterais manejáveis, como náuseas e vômitos passageiros. Um diferencial em relação aos remédios anteriores, que tinham eficácia limitada e causavam reações mais graves.