Notícias

Padrasto nega ter estuprado Maria Alice e classifica o crime como uma fatalidade

"Eu só dei três murros", disparou o mestre de obras Gildo da Silva Xavier, de 36 anos

Gildo Xavier classificou a morte da enteada como "uma fatalidade"Gildo Xavier classificou a morte da enteada como "uma fatalidade" - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Após a oitiva de três testemunhas, o réu Gildo da Silva Xavier, de 36 anos, padrasto de Maria Alice Seabra, foi interrogado pela juíza Fernanda Vieira Medeiros no final da manhã desta terça-feira (22), na Câmara Municipal de Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife. O mestre de obras, que está preso, negou ter estuprado, sequestrado e ocultado o cadáver da enteada, de 19 anos. O julgamento teve início por volta das 9h.

Gildo classificou o crime, que aconteceu em meados de 2015, como uma fatalidade. “Eu só dei três murros. Fiquei desesperado e tirei a roupa dela para estancar o sangue. Não tenho capacidade de ter cometido esses crimes”, disse. O padrasto de Maria Alice relatou que foi ao encontro da enteada para que ela voltasse a morar com a mãe. “Fui tentar convencer Maria Alice a morar com a gente. Também iria levá-la para uma entrevista de emprego”, disparou. Gildo Xavier não teve testemunhas de defesa.

Leia também:
Padrasto acusado de matar Maria Alice Seabra é julgado em Itapissuma
Gleide Ângelo é a primeira testemunha ouvida no julgamento do caso Maria Alice Seabra

O réu informou que perdeu a cabeça e agrediu a estudante. “Não sabia mais o que fazer depois que bati nela. Peguei o telefone para pedir socorro, mas não deu tempo”, comentou. Gildo alegou que, na época, foi forçado pela polícia a confessar o crime. "Apanhei no xadrez para confessar coisas que não fiz", detalhou. O depoimento durou cerca de 30 minutos e foi marcado pela revolta dos populares. Alguns chegaram a gritar “assassino” após ele deixar o tribunal do júri.

Durante esta tarde, estão sendo realizados os debates entre a acusação, representada pelo promotor de justiça Alexandre Saraiva, e a defesa, a cargo do defensor público Jânio Piancó. Após o encerramento dos debates, o conselho de sentença, formado por sete mulheres, vai se reunir para responder às perguntas elaboradas pela magistrada Fernanda Medeiros.

Júri
Após a formação do júri, composto por sete mulheres, as oitivas das testemunhas foram iniciadas. A primeira a depor foi a delegada Gleide Ângelo, responsável pelas investigações do crime. Enquanto a investigadora detalhava a cena do crime e a forma como o corpo de Maria Alice foi encontrado, Gleide chorou e se revoltou. A delegada informou que, após dar voz de prisão a Gildo, ele confessou, em depoimento filmado, ter premeditado os crimes pelos quais foi denunciado (sequestro, estupro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver) pelo Ministério Público de Pernambuco.

Em seguida, a irmã de Maria Alice, Maria Angélica Seabra, foi a segunda testemunha a ser ouvida. Ela comentou sobre a relação conflituosa entre Maria Alice e Gildo e relatou que o padrasto tinha ciúmes em excesso. “Ele tinha desentendimentos constantes com minha mãe e esse comportamento motivou Maria Alice a sair de casa e vir morar comigo”, apontou a testemunha. 

A mãe de Maria Alice, Maria José de Arruda, foi a última testemunha a ser ouvida. Ela, que foi casada durante 15 anos com Gildo, disse que nunca teve desconfiança. "Não sabia que dormia com o inimigo. Ele é um monstro e, infelizmente, fui casada com ele e nunca desconfiei da crueldade que existia dentro dele", disse Maria José.

Relembre  –  o MPPE ofereceu denúncia contra Gildo da Silva Xavier por sequestro, com finalidade libidinosa; estupro, com o agravante de ser padrasto; homicídio quadruplamente qualificado por motivo torpe, emprego de asfixia, tortura ou outro meio cruel, emboscada que impossibilitou defesa da vítima, e para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; e ocultação de cadáver da vítima Maria Alice de Arruda Seabra.

O crime ocorreu no dia 19 de junho de 2015, no Engenho Burro Velho, na zona rural de Itapissuma. No dia 24 de junho, Gildo Xavier se entregou, no município de Goiana, e indicou aos policiais civis lotados no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) o local onde deixou o corpo da vítima.

Veja também

Pacientes depredam UPA e ferem vigilante no Distrito Federal
Violência

Pacientes depredam UPA e ferem vigilante no Distrito Federal

Indígenas em Brasília divulgam reivindicações aos Três Poderes
Direitos

Indígenas em Brasília divulgam reivindicações aos Três Poderes

Newsletter