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País registra agressões ligadas à discussão eleitoral

Mestre de capoeira morto a facadas é um dos episódio de violência registrados nesse momento de forte polarização política

O mestre de capoeira Moa do Katendê foi morto com 12 golpes de faca após defender seu voto em Fernando Haddad (PT)O mestre de capoeira Moa do Katendê foi morto com 12 golpes de faca após defender seu voto em Fernando Haddad (PT) - Foto: Reprodução / Facebook

A polarização em torno da campanha eleitoral deste ano tem resultado em registros de agressões pelo Brasil envolvendo eleitores. Um dos casos emblemáticos de violência ocorreu na madrugada de segunda-feira (8), quando o mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, 63, conhecido como Moa do Katendê, foi morto a facadas após discussão política em Salvador.

O capoeirista defendeu o voto em Fernando Haddad (PT) enquanto o agressor, aos gritos, defendia o apoio a Jair Bolsonaro (PSL). Ele confessou o crime e disse estar arrependido.

Na noite de segunda, no centro de São Paulo, o professor Gilberto de Mattos, 53, apoiador de Bolsonaro, ficou ferido após briga com pessoas contrárias ao candidato do PSL. O caso teria sido antecedido de gritos de #EleNão e #EleSim entre os envolvidos.

Na noite seguinte (9), um estudante foi agredido por um grupo em frente à reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. Segundo a universidade, o ato tinha "motivação política aparente", porque a vítima estava com um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e os agressores gritavam "Bolsonaro".

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Em Porto Alegre, uma mulher de 19 anos disse ter sido agredida na segunda-feira por três homens que teriam feito uma suástica na barriga dela com um canivete. A motivação, disse ela, seria pelo fato de usar uma camiseta com a inscrição #EleNão, que mostra oposição ao candidato do PSL à Presidência da República.

O episódio, porém, ainda suscita dúvidas. O delegado Paulo César Jardim, que acompanha o caso, afirmou ao jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, que a jovem desistiu de fazer representação criminal e que, por isso, a investigação não vai prosseguir. Ele também disse que a marca na vítima é de um símbolo budista, e não de uma suástica.

A reportagem não conseguiu contato com a jovem que relatou ter sido agredida.
Em agosto, uma funcionária da campanha do candidato à Presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, afirmou ter sido ameaçada com um revólver por um apoiador de Bolsonaro.

Questionado sobre os casos de violência e o envolvimento de apoiadores seus, o capitão reformado em princípio disse lamentar os episódios, mas não ter controle diante da situação. "Será que a pergunta não tem que ser invertida não? Quem levou a facada fui eu. É um cara lá que tem uma camisa minha, comete um excesso, o que eu tenho a ver com isso? Eu lamento, peço que o pessoal não pratique isso, mas eu não tenho o controle", afirmou.

Bolsonaro foi alvo de um dos episódios violentos da campanha ao sofrer um ataque com faca em Juiz de Fora, em 6 de setembro. O presidenciável se recupera em casa, no Rio de Janeiro, e mantém a campanha por meio das redes sociais.

Nesta quarta (10), o candidato pela primeira vez adotou uma postura mais contundente, divulgando mensagem no Twitter afirmando que "dispensa voto de quem pratica violência".

"Dispensamos voto e qualquer aproximação de quem pratica violência contra eleitores que não votam em mim. A este tipo de gente peço que vote nulo ou na oposição por coerência, e que as autoridades tomem as medidas cabíveis, assim como contra caluniadores que tentam nos prejudicar".

Poucos minutos depois, porém, o candidato do PSL publicou outra mensagem, na qual acusou pessoas de "forjarem agressões" para culpá-lo. "Há também um movimento orquestrado forjando agressões para prejudicar nossa campanha nos ligando a nazismo, que, assim como o comunismo, repudiamos completamente. Trata-se de mais uma das tantas mentiras que espalham ao meu respeito. Admiramos e respeitamos Israel e seu povo", afirmou.

Episódios de violência também atingiram jornalistas envolvidos na cobertura eleitoral. Só neste ano, segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), foram registrados 137 casos, entre agressões físicas e intimidações e assédio nas redes sociais.

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