Luto

Para sempre DO CARMO

A matriarca da família Monteiro faleceu na última quinta-feira (9), de causa natural

Do Carmo MonteiroDo Carmo Monteiro - Foto: Folha de Pernambuco

Maria do Carmo Magalhães de Queiroz Monteiro faleceu na última quinta-feira (9), aos 94 anos. Filha caçula de Agamenon Magalhães e Antonieta Magalhães, Do Carmo, como era conhecida, era viúva do empresário, ex-deputado e ex-ministro Armando Monteiro Filho, com quem teve cinco filhos. “Era uma mulher de muita fibra que acompanhou desde muito cedo a política de Pernambuco”, disse o governador Paulo Câmara.  

Toda perda é irreparável. Dores dessa natureza não são mensuráveis, nem poderiam. Cada um em sua singularidade constrói afetos e finca narrativas que vão se tornar referências para alguns ou para uma multidão. Maria do Carmo Magalhães de Queiroz Monteiro – a Do Carmo Monteiro, como era carinhosamente chamada – está inserida neste contexto de ter sido “muito, para muitos”. Sua partida ontem, aos 94 anos de vida, torna agora concreto o abstrato da saudade, sentimento que se apropria dos que ficam e passam a lidar com a ausência de quem, como ela, foi amor e afeto.

Matriarca de uma família formada ao lado do empresário, ex-deputado e ex-ministro Armando Monteiro Filho, falecido em 2018 e com quem ela dividiu uma vida por mais de seis décadas, Do Carmo teve cinco filhos: Maria Lecticia Cavalcanti, Armando Neto, Horácio Monteiro e Sérgio Monteiro (in memoriam) e Eduardo Monteiro, este presidente do Grupo EQM do qual faz parte a Folha de Pernambuco. 

Notadamente elegante, transitava com esmero junto à família, atraindo admiração e respeito, cultivados ao longo de toda uma vida. Mas assim como se tornou referência entre os seus, a filha caçula de Antonieta Magalhães e de Agamemnon Magalhães, ex-governador do Estado, excedeu e se tornou também exemplo fora de casa. Para quem a conhecia no ambiente social e político, o uníssono de elevar a sua importância foi exposto em alguns dos tantos depoimentos trazidos em decorrência de sua morte. Entre amigos, políticos e familiares, Do Carmo segue sendo sinônimo de força e retidão.

“Era uma mulher de muita fibra que acompanhou desde muito cedo a política de Pernambuco e do Brasil”, reconheceu o governador Paulo Câmara. “Teve sua trajetória de vida marcada pela integridade, posições firmes e sensibilidade social”, reforçou o prefeito Geraldo Julio. 

Para Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, “Dona Maria do Carmo Monteiro foi uma pessoa que trabalhou a vida toda na construção de um legado social que extrapola o Estado de Pernambuco”, declaração complementada pelo senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, para quem Dona Do Carmo Monteiro “excedia em elegância e equilíbrio durante toda sua vida, ao lado de Armando Monteiro Filho, a construção de uma família honrada e de marcante presença em segmentos da política e da economia de Pernambuco”. 

À unanimidade de reconhecer a relevância de Maria do Carmo Magalhães de Queiroz Monteiro, soma-se a afirmação do sobrinho Domingos Azevedo, diretor do Grupo EQM. Para ele a ‘Tia Do Carmo’ era “uma mulher briosa, companheira e amiga de todos, e fará muita falta”, um superlativo necessário para exaltar a perda de uma vida que segue firme, agora como legado para filhos, netos, sobrinhos, amigos e todos que conheceram a história escrita por ela “do lado de cá”. 

"Ela era uma dama, uma exemplar chefe de família, esposa, companheira, conciliadora. Exercia com maestria seu papel de liderança na família. Ela hoje está fazendo a coisa que mais gostava na vida, voltou a cuidar de Dinho, como ela chamava tio Armadinho", enaltece José Múcio Monteiro, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU).

Registros de uma vida inteira

Do casamento, em 1949, até a partida do companheiro de vida, o empresário e ex-ministro Armando Monteiro Filho, foram 68 anos. Mais de seis décadas juntos. Uma vida, memórias, histórias e companheirismo. Partes desse valoroso acervo imaterial está contada no livro “Foi Assim: memórias, histórias, depoimentos e confissões” (Edições Bagaço, 434 páginas), que Armando lançou em 2010, com a colaboração do jornalista Mário Hélio. 

A obra relata detalhes de sua trajetória, que vai da infância até o ano da edição, além de depoimentos de amigos e várias autoridades. Lá é possível encontrar também histórias pitorescas dele e de Do Carmo, nos tempos do namoro e da lua de  mel, que são relatadas nas linhas abaixo. 

Amor de uma vida inteira

Do namoro ao casamento 

Maria do Carmo começou a namorar Armando Monteiro Filho, que viria a ser o seu companheiro na vida, na festa da posse do governador Barbosa Lima Sobrinho, que ocorreu em fevereiro de 1948. O evento ocorreu onde hoje funciona a Academia Pernambucana de Letras, nas Graças, Recife. Na época, era uma casa pertencente ao Dr. Octávio Morais, muito amigo de Barbosa Lima. 

Namoro e noivado aconteceram em curto espaço tempo. Para fazer o pedido, Armando fez uma espécie de treino para falar com Dr. Agamemnon, como conta no seu livro “Foi Assim”, publicado em 2010. Ele recorreu a “seu” Melinho, pai da madrinha de casamento de Armando Filho. “Faça de conta que eu sou Agamemnon”, disse seu Melinho. Armando fez o “pedido-treino”: “Dr. Agamemnon, vim tratar de um assunto que é do seu conhecimento”. Seu Melinho não facilitou: “Não estou a par de nada”. “Aí eu estou desgraçado”, disse Armando. O teste foi mais tenso do que o pedido oficial. No dia seguinte, diante de Agamemnon Magalhães, Armando foi direto: “Vim pedir a mão de sua filha Do Carmo.” Dr. Agamemnon também foi objetivo: “Seu pai é um homem de bem, você deve ser também. Ontonieta (Antonieta, mas a chamava assim), Do Carmo está noiva!” Tudo, enfim, resolvido. 

O casamento aconteceu no dia 17 de setembro de 1949, no Rio de Janeiro, onde residia o pai da noiva que, naquela época, era deputado federal. A lua de mel começou em Porto Alegre e foi até Buenos Aires. O casal fixou residência no Recife e formou uma família com cinco filhos: Lecticia, Armando Neto, Sérgio (que faleceu), Eduardo e Horácio. 

Lua de mel e chamego

No dia do casamento, o casal Do Carmo e Armando se hospedou no Promenade.  Conta, no livro, que quando chegaram para o café da manhã o garçom do restaurante do hotel disse: “Chegou aí o casal do Chamego.” Armando lembrou que reagiu ao que pensou ser falta de respeito, interpelando o rapaz, que logo se explicou: “Não é isso que está pensando, senhor; eu me referi ao nome do bangalô em que está hospedado com a sua esposa”, detalhou na publicação.

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