Dom, 07 de Dezembro

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Rio de Janeiro

Pelo menos 33 dos 113 presos na operação do Alemão e Penha são de outros estados, segundo Curi

Ação que deixou ao menos 119 mortos teve dois meses de planejamento e contou com um "muro do Bope" para bloquear rotas de fuga de criminosos nos complexos do Alemão e da Penha

Homens presos em operação contra o CV na última terça (28) Homens presos em operação contra o CV na última terça (28)  - Foto: Mauro Pimentel/ AFP

Em detalhamento sobre como foi conduzida a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, que deixou ao menos 119 mortos — sendo 115 suspeitos de tráfico e quatro policiais militares e civis — as polícias do Rio prenderam 33 suspeitos de outros estados. Ao todo, eram pelo menos 100 mandados de prisão, segundo o balanço.

A ação, que teve planejamento de 60 dias, é considerada o maior baque na história do Comando Vermelho e resultou em 113 presos e 118 armas apreendidas.

— Antes dessa operação, até o final de setembro, só a polícia civil tinha apreendido de fora do estado e em cerca de um ano, 449 lideranças de outros estados, fora a polícia militar, que também apreendeu centenas — disse o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, em entrevista coletiva.

A informação reforça a avaliação das forças de segurança de que parte dos integrantes do grupo criminoso veio de fora do Rio para reforçar a atuação do Comando Vermelho (CV) na capital.

Durante entrevista coletiva, o secretário de Polícia Militar, Marcelo Menezes, explicou que a operação foi planejada com base em análises de inteligência e cenários e contou com uma estratégia inédita: a criação de um “muro do Bope” na área de mata que liga as comunidades do Alemão e da Penha. O objetivo era bloquear a principal rota de fuga dos criminosos.

— Incluímos a incursão de tropas do Bope para a parte mais alta da mata da Misericórdia, criando um “muro do Bope”, fazendo com que os marginais fossem empurrados para a área mais alta pelas outras incursões. Nosso objetivo principal era proteger as pessoas de bem da comunidade. A maior parte do confronto se deu na área de mata, onde a nossa tropa estava disposta, e foi uma opção dos marginais — afirmou Menezes.

De acordo com o secretário, outros batalhões foram posicionados em diferentes acessos dos complexos e avançaram de forma coordenada. Ele acrescentou que quem quis se entregar, foi preso, e observou que roupas táticas foram retiradas dos corpos levados à praça do Complexo da Penha após os confrontos.

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, disse que a decisão de levar o confronto para a mata teve como objetivo preservar vidas inocentes. Segundo ele, a alta letalidade era previsível, mas não desejada.

— Optamos por deslocar o contato com os criminosos para a área de mata, onde eles efetivamente se escondem e atacam os policiais. A opção foi feita para preservar a vida dos moradores. Tivemos um dano colateral pequeno, quatro pessoas inocentes feridas, sem gravidade. Não utilizamos aeronave para não expor os policiais que estavam na área de mata. Essa alta letalidade que se verificou durante a operação era previsível, mas, obviamente, não era desejada — disse o secretário.

A operação, batizada de Contenção, é descrita pelo governador Cláudio Castro (PL) como um “sucesso”. Em pronunciamento, ele afirmou que “de vítimas lá, só tivemos os policiais”.

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