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Perito da Polícia Federal confirma versão de Mysheva sobre morte de promotor

Segundo Palhares, PF apontou que Thiago foi atingido por um disparo não fatal, com o veiculo em movimento; apenas o segundo tiro é que matou o promotor, conforme afirmou a noiva da vítima

Fora do Brasil, vagas estão nas unidades da Costa Rica e MéxicoFora do Brasil, vagas estão nas unidades da Costa Rica e México - Foto: Divulgação/PF

Com um dos depoimentos mais aguardados do segundo dia do julgamento de três dos cinco dos acusados de assassinar o promotor Thiago Farias Soares em 2013, o perito criminal federal Carlos Eduardo Palhares Machado iniciou a sua declaração no final da tarde desta terça-feira (25), na sede da Justiça Federal situada no bairro do Jiquiá, na Zona Oeste do Recife. O especialista, que em sua oitiva trouxe informações técnicas detalhadas a respeito do crime, confirmou a versão de Mysheva Martins, então noiva da vítima, a respeito do crime.

O perito retratou a trajetória das balas e dos ferimentos na vitima. Ele declarou que houve divergências entre as perícias feitas pelas polícias Civil e Federal. Segundo Palhares, a Civil, por exemplo, afirmou que o primeiro disparo havia sido fatal, o que ia de encontro ao depoimento de Mysheva, que dizia que Thiago ainda teve tempo de encostar o carro antes de ser atingido pelos demais tiros. Já a da PF apontou que Thiago foi atingido por um disparo não fatal, com o veiculo em movimento; apenas o segundo tiro é que foi fatal, conforme afirmou Mysheva.

"O depoimento (de Mysheva) era inconsistente a partir da versão da Polícia Civil. Com a perícia da Polícia Federal, o depoimento estava consistente", disse.

A mãe de Thiago saiu do plenário logo no início da fala do perito, mas não foi embora. O perito mostrou imagens fortes, do corpo da vítima. Entre os parentes, apenas o irmão de Thiago Farias permaneceu no local.

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Vídeos e emoção

Após o depoimento do perito, foram exibidos três vídeos, dois da acusação e um da defesa. A acusação mostrou uma gravação na qual Thiago Faria falou sobre o dia a dia de trabalho de promotor enquanto a outra trouxe uma entrevista dele numa radio."O promotor tem que estar no dia a dia da população. Não há prazer maior pra mim do que ver o sorriso no rosto de um cidadão de Itaíba por alguma melhoria", disse Thiago, num dos vídeos. A mãe do promotor, Maria do Carmo Faria, se emocionou ao ver imagens do filho e saiu do plenário amparada pelo filho Daniel Faria. 

Já a defesa apresentou um vídeo com reportagem da TV Jornal feita após a PF assumir o caso - na matéria, são apontadas contradições nos depoimentos dados por Mysheva à Policia Civil e à PF.  Na gravação, foram mostradas divergências sobre onde o casal passou antes de transitar pela PE-300, onde houve o crime; sobre se o casal dormiu ou não junto, em Águas Belas, na noite anterior ao assassinato; sobre o lado do carro em que o atirador estava; sobre a postura da noiva depois que se jogou do carro (à Civil ela disse que ficou se escondendo, rolando pelo mato, na medida em que o carro dos atiradores se movia; à PF, afirmou que ficou estática).

"É importante nos atermos ao que foi produzido aqui. A fala de Mysheva aqui foi muito coerente. E a versão que ela apresentou ontem foi confirmada aqui, hoje, não por ouvir falar, mas por provas técnicas (as apresentadas pelo perito)", declarou o procurador Alfredo Falcão, sobre a exibição do vídeo com contradições de Mysheva.

"Temos certeza que os depoimentos das testemunhas colaboraram para mostrar que há muito mal-entendido neste processo. Há mais dúvida do que certeza, e ninguém condena sem certeza", declarou o advogado Anderson Flexa.

São acusados pela morte do promotor de Itaíba José Maria Pedro Rosendo Barbosa (Zé Maria de Mané Pedo), Adeildo Ferreira dos Santos e José Marisvaldo Vitor da Silva, conhecido como Passarinho. Um dos acusados, Antônio Cavalcante Filho, irmão de José Maria Cavalcante, está foragido da Justiça Federal. Também réu, José Maria Domingos Cavalcante teve o julgamento adiado - está preso no Cotel - e agora ele será julgado agora no dia 12 de dezembro. 

A sessão será retomada nesta quarta-feira (26), às 9h. No terceiro dia do julgamento, a previsão é de que os réus sejam ouvidos. O julgamento pelo tribunal do júri teve início na última segunda-feira (24) e deve durar até a próxima quinta-feira (27).

Entenda o caso

O crime ocorreu no dia 14 de outubro de 2013 no interior de Pernambuco. Thiago Farias Soares estava com a noiva, a advogada Mysheva Martins, e do tio dela Adautivo Martins. Eles seguiam pela rodovia PE-300 a caminho de Itaíba, quando foram abordados por homens armados. Os tiros atingiram Thiago, que morreu na hora. O veículo deles parou. O carro dos assassinos contornou a via e, segundo as investigações, retornou para tentar assassinar tio e sobrinha, que escaparam com vida após se jogarem para fora do veículo, na estrada. A arma do crime nunca foi encontrada.

A motivação do crime teria sido a compra de 25 hectares de uma fazenda em Águas Belas. O imóvel, que possuía uma extensão total de 1.800 hectares, foi adquirido por Mysheva em um leilão - com isso, parentes de José Pedro teria sido obrigado a deixar o local.

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