Pernambuco

Crianças com microcefalia recebem doação de órteses e cadeira de rodas no Recife

Projeto Semear em parceria com os Amigos da Diversidade e com apoio do Hotel Armação, de Porto de Galinhas, conseguiu arrecadar cerca de R$ 163 mil

Crianças com microcefalia receberam órteses e cadeiras de rodaCrianças com microcefalia receberam órteses e cadeiras de roda - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Em meio às dificuldades cotidianas, um dia para sorrir. Na manhã desta quarta-feira (25), na Iputinga, Zona Oeste do Recife, 86 crianças com microcefalia (síndrome congênita do vírus da zika) do Centro Especializado em Reabilitação Menina dos Olhos (CER), da Fundação Altino Ventura, receberam a doação de 32 cadeiras de rodas e 55 órteses, aparelho utilizado para melhorar ou corrigir a disfunção de um membro.

A doação foi realizada através de uma parceria entre o grupo Amigos da Diversidade, idealizado por profissionais de várias áreas da saúde de São Paulo, com o Semear, um projeto de pesquisa que existe há dois anos e é fomentado pelo Ministério da Saúde dos Estados Unidos, voltado à reabilitação de crianças com a síndrome, na Altino Ventura. Com o apoio do Hotel Armação, de Porto de Galinhas, as entidades arrecadaram cerca de R$ 163 mil, montante que foi colocado em uma conta específica. O valor arrecadado ultrapassou as expectativas das partes envolvidas no projeto.

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Os materiais adquiridos foram distribuídos de acordo com a idade dos beneficiados. As 55 órteses foram doadas a crianças a partir de um ano. As que têm entre 3 e 4 anos receberam as cadeiras de rodas especializadas. O aparelho se diferencia das cadeiras de rodas tradicionais porque foram produzidas de acordo com a medida de cada criança, além de virem acolchoadas e com uma extensão superior que permite uma posição mais ereta da criança.

"Muitas crianças já estão com quatro anos de idade e ainda não tinham a cadeira. Isso é uma dificuldade real que essas famílias enfrentam, muitas vezes vindo de outros municípios e tendo que carregar as crianças a longas distâncias. Esse é um dia memorável e histórico para a Fundação, porque brinda e coroa a parceria de um ano da fundação com profissionais que fundaram os Amigos da Diversidade, comprometidos com causas sociais", disse a coordenadora do projeto de Vírus Zika da FAV, Camila Ventura.

Com um brilho incontestável no olhar, a pequena Jhennifer da Silva recebeu a primeira cadeira de rodas. Sua mãe, Jaqueline da Silva, não conseguiu esconder a alegria de ver a filha recebendo a doação tão necessária. "Vai ajudar bastante, porque Jhennifer é pesada. Eu não tava mais aguentando o peso dela e essa cadeira vai melhorar tanto para mim quanto para ela. Eu tou muito agradecida”, comemorou.

Com cinco anos de idade, Jhenniffer frequenta o Centro desde os dois, duas vezes por semana. Segurando em uma parede ou outra, a pequena engatinha, mas não consegue andar sozinha. “Enquanto ela não anda, essa cadeira vai ser as pernas da minha filha. Eu estou muito agradecida por tudo”, externou a mãe da criança.

“Eu já chorei e tudo. É muita alegria e gratidão”, disse Joane da Silva, 29, mãe de Heitor Fabrício, de 3 anos, outra criança beneficiada com a ação.

Mirca Ocanhas, fisioterapeuta e uma das integrantes do Projeto Amigos da Diversidade, falo sobre a importância da ação. Nosso objetivo é trazer uma qualidade de vida às pessoas com diversidade, sejam elas deficientes ou de qualquer área. A gente acredita que a atividade física vai trazer uma capacidade de inclusão dessas pessoas dentro da sociedade. A gente busca, justamente através dessa educação física, seja para as próprias crianças ou para os adultos, trazer vida”, informou.

Com a camisa de “Lute como uma mãe”, Inabela Tavares expressou a alegria de ver a filha, Graziella Tavares, 3 anos, recebendo uma tala, que servirá para a menina se manter firme quando estiver em pé. “Quando eles disseram que iriam dar a tala a ela eu fiquei sem acreditar. Descobri que ela iria nascer com microcefalia com cinco meses de gestação”, finalizou a mãe, que acompanha a filha às seções de fisioterapia desde o primeiro mês de vida.

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