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Precoce, Renata Arruda é aposta da nova safra do handebol

Aos 20 anos, goleira pernambucana brilhou na final do Pan de Lima e despertou olhares por conta da atuação segura

Renata Arruda foi um dos destaques da seleção feminina de handebol nos Jogos Pan-Americanos de LimaRenata Arruda foi um dos destaques da seleção feminina de handebol nos Jogos Pan-Americanos de Lima - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Renata Arruda. Quem acompanha o mundo esportivo e está de olho nos Jogos Pan-Americanos de Lima provavelmente sabe quem é. Aos 20 anos, a pernambucana se tornou símbolo do título conquistado pela seleção feminina de handebol no evento - o que valeu a vaga na Olimpíada de Tóquio. Renata ajudou o Brasil a mudar a cara da final contra a Argentina ao substituir a experiente campeã mundial Babi Arenhart. Se ela esperava assumir tal protagonismo? Definitivamente, não.

"Não estou sabendo administrar (risos)”, diz ela, que na verdade não esperava sequer passar muito tempo em quadra na decisão. “Na realidade nunca pensei que pudesse substituir ela. Achei que podia entrar no finalzinho, para ter a sensação de estar em quadra na final de um Pan. Mas acabou que as coisas não deram tão certo para ela e a gente trocou. Graças a Deus fui bem e consegui ajudar o time”, confessa Renata, que, em vários momentos durante a decisão, abraçava Babi.

Surpreender em situações forjadas ao acaso, contudo, não é algo novo na vida da goleira, que gostava de jogar como ala no time de futsal do Colégio Imaculado Coração de Maria, de Olinda. Por conta da estatura elevada, foi convidada pelo professor para competir um torneio de handebol como goleira. O time foi campeão e Renata, eleita a melhor defensora da competição. Isso aos 10 anos.

A partir daí, começou a se interessar pelo handebol e, alguns anos depois, chegou ao Clube Português, referência no desenvolvimento da modalidade no Estado. De início, treinou com Diego Leite e, em 2014, ao subir de categoria, caiu nas mãos de Cristiano Rocha, o mesmo que lapidou talentos como a ponta esquerda Samira Rocha e a armadora central Deborah Hannah, ambas campeãs mundiais com a seleção em 2013.

“Ela é uma menina muito precoce, sempre mais madura que a idade. Tem marcas incríveis nas categorias de base. Campeã Pan-Americana Juvenil e Júnior. Melhor atleta do Pan-Americano Juvenil de 2016. Foi convocada para uma fase de treinos da seleção adulta ainda com 16 anos. Ela fez um campeonato incrível no Pan de Lima e entrou super bem na final, com um desempenho que ajudou a equipe a conseguir uma grande virada”, destaca Cristiano Rocha, que esteve ao lado de Renata em Lima integrando a comissão técnica nacional.

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Olhando assim, parece que tudo aconteceu fácil para Renata. Mas não. Ela travou uma luta dura com a balança. Aos 12 anos, pesava 100 kg. Durante um camping de treino com jovens da base, uma coordenadora da seleção chegou a desafiá-la, dizendo que se ela perdesse 5kg, ganharia uma camisa autografada de Chana Masson, à época goleira da equipe olímpica. Não aconteceu. No ano seguinte, após o título mundial do Brasil na Sérvia, Renata ganhou uma camisa de presente de Babi e Mayssa, goleiras daquela campanha vitoriosa. Nela, estava escrita uma mensagem de incentivo para que a pernambucana não desistisse dos sonhos e que, um dia, pudesse se juntar a elas. Era o combustível que faltava para a jovem, que perdeu 20kg em menos de um semestre.

O talento de Renata pode ser novidade para o público brasileiro. Mas ela já está no radar de quem vive o universo do handebol há mais tempo. Há dois anos, por exemplo, a pernambucana atua no Super Amara Bera Bera, da Espanha. Por lá, já tem três títulos e é destaque em sua posição. “Depois de um Mundial Juvenil que disputei com a seleção, na Eslováquia, fiz uma edição de vídeo e mandei para um representante espanhol. O time se interessou e não pensei duas vezes, porque o idioma é mais tranquilo e posso me ambientar aos poucos com a Europa”, conta ela, que ameniza a saudade com o desejo de crescer no esporte. “Embora tenha muitos recursos hoje em dia, como chamada de vídeo, a saudade é difícil. Mas essa é a vida que escolhi, são os meus sonhos, e vou tentar conquistar eles pouco a pouco.”

A atleta está passando alguns dias no Recife, onde visitou a família e fez exames, entre eles uma ressonância para investigar uma possível lesão por estiramento no músculo posterior da coxa direita. Em breve, retornará à Espanha, mais experiente e com novas metas. “Meu plano é continuar firme no clube e, caso tenha a chance de participar de fases de treinamento para o Mundial do Japão (que acontece em novembro), será um prazer”, diz Renata.

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