Garimpo ilegal

Prefeito anuncia fim da operação no Rio Madeira: 'As balsas de vocês não serão mais queimadas'

A notícia foi recebida com festa pelos garimpeiros

acomodações e estruturas de mineração no rio Madeira, próximo à comunidade de Rosarinho, em Autazes, estado do Amazonasacomodações e estruturas de mineração no rio Madeira, próximo à comunidade de Rosarinho, em Autazes, estado do Amazonas - Foto: Bruno Kelly / Greenpeace / AFP

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O prefeito de Borba (AM), Simão Peixoto (PP), anunciou na tarde desta segunda-feira o encerramento da operação Uiara que combate o garimpo ilegal no Rio Madeira, que liga Porto Velho a Manaus. A operação é coordenada pelo Ministério da Justiça e executada pela Polícia Federal e o Ibama, com o apoio da Força Nacional e das Forças Armadas.

A assessoria da pasta ainda não confirmou a informação, mas a notícia foi recebida com festa pelos garimpeiros, que se refugiaram em Borba fugindo dos agentes federais . Desde o último sábado, a operação incendiou mais de 130 balsas de garimpo na região.       

Já havia uma expectativa dentro da Polícia Federal que a ação se encerraria na tarde desta segunda-feira. Os agentes destruiram embarcações nas cidades de Autazes, Nova Olinda e Borba, mas avaliavam que seria arriscado demais avançar sobre municípios onde o garimpo é tradição, como Manicoré, Novo Aripuanã e Humaitá.       

— Quero dizer que a partir de hoje a operação foi cancelada. Consegui falar com a assessoria do ministro da Justiça. Estou indo amanhã para Brasília — anunciou o prefeito a um grupo de cem garimpeiros numa estutura que lembrava um comício.

O prefeito deixou claro que, por enquanto, está proibido retirar o ouro do rio e que mantém contato permanente com deputados e senadores da bancada do Amazonas, que são em sua maioria favoráveis à legalização do garimpo no Rio Madeira.

— Mas ele mandou uma recomendação para nós: enquanto não for decidido... As balsas de vocês não serão mais queimadas. As balsas que estão no fundo, procure tirar e montar novamente, mas vocês estão impedidos por enquanto ainda de extrair o ouro — afirmou, referindo-se às embarcações que foram afundadas pelos próprios garimpeiros para que não fossem incendiadas e eles pudessem recuperá-las depois. 

Os garimpeiros fizeram festa com o anúncio do fim da operação na praça de Santo Antônio - Borba é conhecida como a "Aparecida do Amazonas" devido à peregrinação à cidade na data de Santo Antônio. Eles soltaram fogos de artifício, desfilaram com cartazes que diziam que "garimpeiro também é cidadão" e agradeceram ao padroeiro do município.

De manhã, helicópteros do Ibama sobrevoaram a região, mas as lanchas dos órgãos de fiscalização não chegaram ao local - para alívio dos garimpeiros. Na noite deste domingo, eles assistiram atônitos ao fogo consumindo duas balsas do outro lado da margem.                             

Nesta segunda-feira, parlamentares do Amazonas se movimentaram em Brasília para encontrar um meio-termo entre a operação da polícia contra o garimpo ilegal e a manutenção da economia da região.

A pressão evidenciou a sinuca de bico em que ficou o Palácio do Planalto com a situação: por um lado, auxiliares admitem que os ministérios da Justiça e do Meio Ambiente se viram forçados a agir em meio à uma tentativa do governo de adequar sua mensagem de combate ao crime na região amazônica. Por outro lado, a regularização do garimpo sempre foi defendida pelo presidente Bolsonaro e ambientalistas afirmam que esse posicionamento incentivou a atuação de criminosos na região.

Nesta segunda-feira, antes do prefeito de Borba anunciar a suspensação temporária da operação, o deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) esteve com o ministro da Justiça, Anderson Torres, para defender a cautela na operação. Na conversa, ficou definido que o superintente da Polícia Federal no Amazonas iria entrar em contato com os prefeitos da região para uma possível adequação sobre o procedimento adotado.

— É preciso separar o joio do trigo. Muitas dessas balsas que foram queimadas eram residências dessas famílias. São mais de 8 mil famílias que vivem dessa atividade e, muitas delas, regularizadas, com termo de lavra — disse Câmara ao GLOBO.

Além disso, os prefeitos são esperados em Brasília para uma reunião com a bancada do Amazonas. O encontro deverá ocorrer na sede do PSD porque o presidente da bancada é o senador Omar Aziz, que foi presidente da CPI da Covid no Senado.

Segundo o deputado federal Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM), o governo teve que agir em razão do excesso de balsas na região. Em suas redes sociais, o parlamentar chegou a compartilhar um dos vídeos da operação publicados pelo ministro Anderson Torres. Entretanto, assim como Cãmara, Neto destacou a necessidade de que a polêmica levante a discussão sobre a regularização do garimpo no Rio Madeira.

— O presidente Bolsonaro briga para que a gente possa sentar e discutir sobre a regularização, para facilitar que se tenha uma estrutura para se fiscalizar. Assim do jeito que tá, quem paga o preço é o morador dessas regiões — afirmou.

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