Amazonas

Prefeitos acionam Brasília para paralisar operação contra garimpo no Rio Madeira

Polícia Federal e Ibama já incendiaram mais de 130 balsas na região

Ação combinada da PF com o Ibama, no Rio MadeiraAção combinada da PF com o Ibama, no Rio Madeira - Foto: Divulgação/Polícia Federal

O prefeito de Borba (AM), Simão Peixoto (PP), afirmou, nesta segunda-feira (29), que acionou a bancada federal do Amazonas com o intuito de paralisar a destruição de balsas de garimpo que operam na ilegalidade no Rio Madeira. 

A Polícia Federal e o Ibama já incendiaram mais de 130 embarcações desde sábado (27), quando foi deflagrada a operação Uiara. Embora a PF não informe oficialmente, o Globo apurou que três pessoas foram presas.

Antes concentrados numa espécie de cidade flutuante em Autazes (AM), os garimpeiros saíram em fuga a Borba (AM), onde estacionaram cerca de 60 balsas no porto da cidade próximos a postos de combustível e lanchas de transporte como uma forma de escapar da ação dura das autoridades federais. 

Alguns fugiram na madrugada desta segunda, e os que ficaram tiraram das balsas as máquinas, os motores e os tubos para evitar um prejuízo maior caso os agentes chegassem.

“Os prefeitos estavam querendo ir para Brasília, mas Brasília está longe. Basta um telefonema. Já falei com vários deputados federais e senadores que representam o Amazonas. E através disso eu tenho certeza que a gente consiga resolver essa situação. Se conseguimos reverter uma ordem federal, todos vocês e nós vamos sair vitoriosos”, disse o prefeito a dezenas de garimpeiros, que se reuniam na praça central de Borba, que é considerada a "Aparecida do Amazonas" pelo forte turismo religioso na data de Santo Antônio. 


À reportagem, o prefeito afirmou que o garimpo movimenta a economia da região desde que ele nasceu, nos anos 80, e que espera sensibilizar a presidência da República da situação complexa.

“O governo federal não tem condição de empregar todo mundo. E da boca do Madeira a Porto Velho, tem mais de 20 mil pessoas trabalhando no garimpo”,  disse ele, que propôs aos garimpeiros formarem uma cooperativa para tentar regularizar o trabalho.

Peixoto ainda comentou que um garimpeiro que "não tinha responsabilidade" mandou áudios confrontando o Estado, o que "manchou a imagem dos demais garimpeiros do Madeira".

As prefeituras de Borba e Autazes se mobilizaram para abrigar centenas de garimpeiros que ficaram desalojados nas margens do rio por terem sido obrigados a deixar as balsas, que foram posteriormente destruídas pela PF e pelo Ibama. 

Em Borba, as autoridades contabilizaram cerca de 340 desabrigados entre mulheres e crianças que moram em Novo Aripuanâ, Humaitá e Manicoré, no sul do Amazonas, e haviam vindo a Autazes em busca do ouro.

Na tarde deste domingo (28), um grupo de cem garimpeiros chegou a protestar na praça de Borba, empunhando bandeiras e faixas que pediam a paralisação das ações da PF e Ibama e diziam que "garimpeiro é trabalhador, e não bandido". Os atos foram pacíficos. 

No cair da noite, a população local junto com os garimpeiros assistiram alarmadas à queima de duas balsas na outra margem do Madeira - duas fogueiras brilhando na escuridão da Amazônia.

Nesta segunda-feira, a operação prosseguiu, com helicópteros do Ibama sobrevoando a região a procura de balsas do garimpo ilegal.

“A ordem que passaram para a gente é que eles vão queimar todas as balsas, inclusive as que estão aqui na frente”, comentou o prefeito. Ele encerrou a sua fala pedindo calma aos garimpeiros e que acatem sem reação à abordagem da Polícia Federal. “Assim que  tiver uma resposta de Brasília, volto a falar com vocês”, concluiu.

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