Premiê das Ilhas Virgens Britânicas é julgado em Miami por tráfico de drogas
Primeiro ministro e diretora de portos do aquipélago caribenho são acusados dos crimes de trafico de drogas e lavagem de dinheiro
O primeiro-ministro das Ilhas Virgens Britânicas, Andrew Fahie, e a diretora de portos do arquipélago caribenho, Oleanvine Maynard, compareceram nesta sexta-feira (29) diante de um juiz americano por crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, um dia após sua prisão em Miami.
Durante a audiência realizada por videoconferência, o magistrado Jonatha Godman leu as acusações feitas contra os dois funcionários: conspiração para importar cinco quilos ou mais de cocaína ao país norte-americano e conspiração para lavar dinheiro.
Fahie, de 51 anos, e Maynard, de 60, compareceram com outros quatro presos em uma pequena sala do tribunal onde todos usavam máscaras.
Os dois funcionários foram presos na quinta-feira no aeroporto de Opa-locka, na região metropolitana de Miami, Flórida, como resultado de uma operação iniciada em outubro da agência antidrogas dos Estados Unidos, a DEA.
Segundo documentos judiciais, um agente da DEA entrou em contato com os acusados fazendo-se passar por um membro do cartel mexicano de Sinaloa que necessitava de ajuda para transportar milhares de quilos de droga da Colômbia até Miami e Nova York, através de Tórtola, a maior das Ilhas Virgens Britânicas.
O primeiro-ministro e Maynard aceitaram ajudar o agente disfarçado em troca de 12% do dinheiro ganho com a venda das drogas nos EUA e um primeiro pagamento de 700 mil dólares.
Na quinta-feira, Fahie e Maynard vieram separados ao aeroporto de Opa-locka com o agente da DEA para comprovar que esses 700 mil dólares estavam a bordo de um avião que irá se deslocar até as Ilhas Virgens Britânicas. Os dois acusados foram presos logo depois.
No dia anterior, Fahie disse ao membro da DEA que "acredita em bruxas, magia e em como ler as mentiras das pessoas", de acordo com os documentos judiciais.
A polícia prendeu em outra cidade Kadeem Maynard, filho da diretora de portos, por sua participação na história.
A ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss, declarou na quinta-feira estar "preocupada com essas graves acusações", segundo um comunicado.
As Ilhas Virgens Britânicas, onde vivem 25 mil pessoas, é um território ultramarino britânico situado a leste de Porto Rico. Londres supervisiona sua defesa e sua política externa e a Rainha Elizabeth II nomeia seu governador sob recomendação do Executivo britânico.
O arquipélago é considerado um dos principais paraísos fiscais do mundo.
Pouco antes do comparecimento de Fahie, o escritório do governador John Rankin publicou um relatório realizado após uma investigação sobre corrupção no executivo.
O documento, redigido por um juiz britânico, recomenda suspender o autogoverno do território para que Londres possa soluciona a má gestão no arquipélago.
"Em quase todos as áreas (do território), são ignorados os princípios da boa governança, como a abertura, a transparência e inclusive o Estado de Direito", apontava o relatório, que não está relacionado com a acusação de narcotráfico.