Presidente mexicano quer que EUA acelere apoio para atacar causas da migração na América Central
"Parece-me inexplicável que, no Capitólio, se atrase tanto a aprovação dos US$ 4 bilhões que eles ofereceram", disse Andrés Manuel Lópex Obrador
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), pediu rapidez no apoio financeiro de Washington a programas de combate à pobreza e à violência, fenômenos multidimensionais que levam milhares de centro-americanos a migrarem, irregularmente, para os Estados Unidos em busca de trabalho.
Depois de se reunir com o presidente guatemalteco, Alejandro Giammattei, López Obrador disse que o México pode replicar seus programas sociais para gerar oportunidades no norte da América Central, ressaltando, contudo, que é necessário o financiamento de Washington.
"Para aplicar programas como os que estamos realizando no México nessas nações irmãs, é fundamental que os Estados Unidos forneçam os recursos necessários", frisou.
AMLO acrescentou que levantou a questão "em várias ocasiões", tanto com o presidente Joe Biden e sua vice-presidente, Kamala Harris, quanto com outras autoridades americanas.
"Parece-me inexplicável que, no Capitólio, se atrase tanto a aprovação dos US$ 4 bilhões que eles ofereceram para investir na geração de bem-estar nos países da América Central", sustentou.
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"Mais de US$ 30 bilhões já foram aprovados para apoiar a guerra na Ucrânia, enquanto passamos quatro anos desde que o presidente Donald Trump propôs US$ 4 bilhões em apoio (para a América Central)", lamentou.
Na quinta-feira, López Obrador iniciou uma turnê de quatro dias, durante a qual também visitará Honduras, El Salvador, Belize e Cuba.
Milhares de migrantes centro-americanos, cubanos e haitianos - que vão para a América do Norte em busca de trabalho fugindo da violência e da pobreza que afligem seus países - tentam entrar nos Estados Unidos pelo México. Muitos morrem no caminho.
"Não podemos enfrentar o fenômeno migratório apenas com postos de fronteira, ou com leis mais severas, ou com muros e policiais, mas com bem-estar, segurança e paz nos pontos de partida dos viajantes, nos locais de origem dos migrantes", declarou o presidente.
"A raiz comum dos principais problemas que nos afligem é a mesma: pobreza, desigualdade, prostração do campo, desintegração social, marginalização", lamentou.
"Por isso, vamos continuar a insistir respeitosamente na necessidade da colaboração dos Estados Unidos", alegou.
Enquanto isso, o líder guatemalteco considerou que o interesse de seu país é "uma migração segura, uma migração circular" com os Estados Unidos e o Canadá, que permita "às pessoas irem, trabalharem e retornarem".
Segundo Giammattei, 93% de seus compatriotas que emigram fazem isso "por motivos econômicos", e 7%, "por motivos de segurança", situação causada, principalmente, pelo narcotráfico e pelas gangues. A pobreza afeta 59% dos quase 17 milhões de guatemaltecos.
Guatemala e México compartilham cerca de 1.000 km de fronteira, a maior parte sem controle, ou vigilância, das forças de segurança.
Na quarta-feira (4), AMLO anunciou que seu país reforçará a fronteira com a Guatemala diante de uma possível chegada em massa de migrantes que tentam cruzar para os Estados Unidos.