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Príncipe William faz passeio de barco de Paquetá a Guapimirim e planta muda de mangue-branco

O herdeiro da coroa britânica ganhou a obra "Guanabara espelho do Rio", de autoria da jornalista Cristina Chacel e do fotógrafo Custodio Coimbra, do GLOBO, durante visita à área de preservação

Príncipe William no Rio de JaneiroPríncipe William no Rio de Janeiro - Foto: Eduardo Anizelli / POOL / AFP

Quem passou de carro pela BR-493, que liga Itaboraí a Magé, nem suspeitou que o príncipe William deixou a parte urbana do Rio e seguiu para Área de Preservação Ambiental (APA) de Guapimirim, que tem um de seus acessos pela via, na manhã desta terça-feira.

Acompanhado de ambientalistas do Instituto Chico Mendes (ICMBio), o herdeiro da coroa britânica conheceu o maior manguezal do estado, plantou uma muda de mangue-branco e foi presenteado com um livro que homenageia o trabalho de conservação feito na região.

O príncipe se deslocou da Ilha de Paquetá até a APA de Guapimirim de barco, por isso, não foi vista a grande movimentação de equipes de segurança que marcaram o primeiro dia de agenda no Rio.

De roupa social, vestindo camisa de manga longa verde e calça azul-marinho, ele fez o passeio sentado em um dos bancos mais próximo à proa. Em terra firme, ainda em Paquetá, novamente falou com as pessoas, posando para fotos e selfies.

A carona do príncipe foi oferecida por uma equipe de ambientalistas que atua na APA. Adilson Ferreira, o Russo, foi quem conduziu a embarcação. Acostumado a navegar na região, viu o passeio desta terça-feira como uma experiência diferente.

— É legal fazer parte de um passeio assim, porque é uma forma de apresentar o trabalho que fazemos para o mundo. Então, é uma oportunidade única de divulgar a importância de preservar o mangue e todo meio ambiente — disse o fiscal ambiental.

No barco do ICMBio, a turma formada pelo príncipe William; Breno Herrera, gerente da região sudeste do instituto; Mauricio Muniz, coordenador territorial da região sudeste do ICMBio; Eduardo Surek, chefe da APA Guapimirim, e seguranças da realeza, passeou pelos rios e canais que fazem parte Estação Ecológica da Guanabara. A unidade de conservação federal, criada em 2006, abrange 2 mil hectares localizados em parte dos municípios de Guapimirim e Itaboraí.

Ação de replantio
Entre as curvas do Rio Guapi-Macacu, uma pausa para apresentar a flora local. Após explicação da vegetação que forma o mangue, o príncipe desceu do barco por um instante e realizou o plantio de uma muda de mangue-branco, característica da região. Essa espécie funciona como um filtro natural para as águas da Baía de Guanabara.

— Eles vivem em ambientes salobros, então, as plantas possuem sistemas de controle da concentração de sal nos próprios tecidos. Os mesmos que usam para expulsar essa substância — explicou Olivar Bendelak, educador ambiental na APA Guapimirim.

A ação fez parte da agenda do príncipe William no Rio, que é mantida em segredo. Além de eventos oficiais, como a cerimônia do Prêmio Earthshot, premiação fundada por ele, o herdeiro da coroa britânica em aproveitado o tempo na visitação. Ontem, em seu primeiro dia em terras cariocas, visitou o Maracanã, o Pão de Açúcar e jogou vôlei na praia.

Pesca de curral
Outra singularidade do mangue que foi apresentada ao príncipe foi a prática da pesca de curral. Trata-se de uma estrutura armada com bambu e eucalipto, no desenho de um labirinto que fica posicionado a favor da maré.

Os peixes entram no caminho e seguem até ficarem presos ao fundo. Na sequência, dois pescadores, um de cada lado do caminho, colocam uma rede no fundo do espaço onde os peixes estão presos e puxam os animais para parede de bambu. Depois, recolhem a rede e observamos quais são os peixes que irão ser comercializados e quais devem retornar a água.

A prática é elogiada por ambientalistas, por se mostrar uma forma mais sustentável de desenvolvimento deste trabalho.

Embora o príncipe tenha apresentado simpatia e disposição desde seu primeiro dia de agenda em território fluminense, não é possível conhecer toda a APA e a Baía de Guanabara em apenas uma volta de barco. Assim, William foi presenteado com o livro "Guanabara espelho do Rio".

Baía de Guanabara
Ao longo de duas décadas, o fotógrafo Custodio Coimbra, do GLOBO, e sua companheira Cristina Chacel, fizeram um trabalho de observação da vida na Baía de Guanabara. Como resultado da pesquisa, desenvolveram um livro que apresenta a biodiversidade, os problemas e soluções da baía, moradores, pescadores e toda comunidade que convive diretamente com o local.

— Eu nem preciso pensar muito para dizer que este talvez seja o melhor livro de apresentação da Baía de Guanabara que eu já vi — revelou Breno Herrera.

Foram selecionadas 170 fotos para a publicação, com edição de Flávia Cavalcanti, que dialogam com os textos da jornalista Cristina Chacel.

Publicado pela FGV Editora em 2016, o material continua atual e funciona como alerta para preservação.

— Fico feliz pelo reconhecimento desse trabalho e vejo que ele continua atual, embora tenha sido lançado a anos atrás — disse Custodio Coimbra.

Em 2016, ano da publicação, existiam 34 botos-cinza nas águas da APA de Guapimirim. Hoje, quase uma década depois, são menos de 30. O último registro de mamífero morto foi feito na semana passada, pelo Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

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