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Projeto usa energia solar para iluminar calçada do Recife

Ideia abre discussão a respeito da importância de maior integração entre os elementos que compõem o espaço público

Autossustentável, o  pede LUZ utiliza  lâmpadas de LED e  placas de captação de energia solar. No  momento se encontra em período de testes  na rua das Graças, no bairro recifense  homônimoAutossustentável, o pede LUZ utiliza lâmpadas de LED e placas de captação de energia solar. No momento se encontra em período de testes na rua das Graças, no bairro recifense homônimo - Foto: Ed Machado

Há alguns dias os moradores e frequentadores das Graças, na Zona Norte do Recife, devem ter notado na rua que leva o nome do bairro um artefato diferente voltado para o lado contrário da via e iluminando a calçada. Não, não foi a luz do poste que foi instalada errada. Trata-se do pedeLUZ, protótipo de um projeto que, mais do que clarear o passeio público à noite, visa semear um novo conceito de planejamento integrado do espaço público na Cidade.

O pedeLUZ é um projeto autossustentavél, já que utiliza lâmpadas de LED e placas de captação de energia solar. O processo de pesquisa, desenvolvimento e inovação foi viabilizado pelo Programa Nagi Maker, do Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação do IEL-PE, em conjunto com o Fab Lab Recife, e pelo Fundo Socioambiental Casa, da Caixa Econômica Federal. Os investimentos iniciais foram de R$ 30 mil. Uma equipe de de cerca de uma dezena de pessoas foi envolvida durante seis meses, das pesquisas iniciais e análise urbana até o projeto de design industrial e execução do protótipo, incluindo uma oficina participativa com integrantes da Associação dos Moradores das Graças. Porém, as ideias que culminaram no pedeLUZ têm origem há mais de uma década.
Arquiteta, urbanista e professora na mesma área na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Clarissa Duarte persegue o conceito de planejamento integrado do espaço público desde seu curso de graduação. O assunto também foi tema de sua dissertação de mestrado, que trata da relação entre o planejamento urbano e o uso da rua.
“Do ponto de vista da iluminação para as vias, para o leito da via, focada nos carros, a gente poderia dizer que é razoável. Mas a qualidade de iluminação pública para a escala do pedestre, focada nas calçadas, nas áreas de circulação prioritária de pedestres, é bastante deficitária”, critica.

A professora considera que no Recife há um conflito muito grande, por exemplo, entre a arborização e a iluminação pública. “A administração municipal termina enxergando a vegetação arbórea como um grande empecilho, um grande atrapalho à gestão do espaço público, porque ela entra em conflito com a fiação, sobretudo de alta tensão, com a iluminação propriamente, com a saída de luz, com a mobilidade das calçadas, com a visibilidade do comércio, com os estacionamentos dentro do lote. Só que na verdade, hoje, essa vegetação ela está sendo vista como uma vilã quando na verdade ela é uma grande aliada.”

Para Clarissa o ponto negativo no planejamento é como todos os elementos são tratados de forma desintegrada. “Se trabalha a iluminação desintegrada da vegetação, da mobilidade, do planejamento do espaço privado, do lote. Essa visão do planejamento integrado do espaço público é uma preocupação basilar desse projeto do pedeLUZ”, explica. “Ele surge nesse contexto, da preocupação de criar um espaço público mais humanizado, de fato desenhado para a escala das pessoas, em que o pedestre é o protagonista.”
Até o momento, os idealizadores tiveram uma reunião com o diretor de Iluminação Pública da Emlurb, sobretudo para pedir autorização para implantar e testar o artefato.

“Foi uma reunião muito positiva. Tanto da abertura e aceitação dele para nos ajudar na instalação, como também de uma abertura para que a gente continue um processo, uma troca com a prefeitura para ver a possibilidade de a gente implantar isso em larga escala”, diz a professora. “Tudo depende da escala da implantação e dos incentivos e parcerias que a gente fizer. Pode vir a ser implantado na cidade inteira.” 

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