Opinião

Quando será a nossa batalha de El Alamein?

“Sem objetivos bem definidos não se chega a lugar algum”. 

Essa frase estava impressa nos programas padrões de instrução do Exército Brasileiro, na década de 1980, quando me formei na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

Esse documentos definiam o que fazer, como fazer e quais os níveis a serem atingidos pelos instruendos para que avançassem para as próximas fases, até serem considerados aptos a atuar em formação na sua unidade de combate.

A vida, sendo um combate, também nos exige definir objetivos, estudar a estratégia de como conquistá-los, reunir meios e iniciar a caminhada para sua consolidação.

Você, leitor, certamente tem seus desejos de vida. Concluir um curso, formar patrimônio, ver filhos crescerem, comprar uma casa, um carro, uma moto, abrir um negócio, às vezes apenas sobreviver...

Criar um ambiente de sinergia, envolvendo membros da família e do trabalho, que lhe possa trazer tranquilidade no futuro é, portanto, sua maior lição de casa.

Uma Nação, esse ente emocional que representa um povo, com sua língua, seus desejos e sua cultura, também precisa se planejar para o atingimento de seus objetivos de fortalecimento e preservação, em um mundo de Estados cada dia mais competitivos.

É aí que entra a Política, com o P maiúsculo. A atividade de pensar grande em nome de uma Sociedade, de um Estado, de um Governo, de um Povo definindo cursos de ação para atingimento de cada objetivo por ela mesma definido.

A sessenta dias do primeiro turno das eleições ainda patinam os candidatos a cargos majoritários em suas obrigações de indicar o que fazer e até o como fazer para recolocar o país em um caminho que o leve ao maior de todos os seus desejos: a paz com bem-estar social. 

Qual o objetivo para a economia? para a educação? para a defesa e segurança? para a saúde? para o meio ambiente? para a diplomacia? para a ciência, tecnologia & inovação?

Muitos outros precisam ser definidos. E com eles a estratégia para alcançá-los.

Essa campanha eleitoral não pode ficar restrita a um embate tão somente de emoções, tão somente do eu contra você, do bem contra o mal.

Alguns países conseguiram, à custa de muita resiliência de seus Políticos, também com P maiúsculo, energizar seus cidadãos, vencer as diferenças e sair do fundo do poço em que se meteram por anos de embates ideológicos ou débil governança.

Não precisamos ir longe, basta nos fixarmos na península Ibérica. Por anos, o mundo via Espanha e Portugal como patinhos feios da União Europeia.

Hoje, são referências de boas práticas de políticas públicas, com crescimentos sustentados, colimados no atendimento das necessidades modernas de seus cidadãos e com foco em um futuro ainda melhor que o presente.

Quando a nossa batalha de El Alamein ocorrerá? Valho-me de uma referência histórica do momento em que, na Segunda Guerra Mundial, as forças armadas alemãs com a derrota na refrega começaram a declinar seu poder de combate e foram sobrepujadas pelos aliados.

Na Espanha e Portugal, respectivamente, o Pacto de Moncloa e a Revolução dos Cravos foram as batalhas de El Alamein desses países. Mas sem lideranças providas de um senso de comunidade genuíno não teriam chegado ao estágio de estabilidade político-social no qual hoje se encontram.

Do estudo de situação de nosso País já identificamos falta de projeto de Nação e lideranças para encetá-los. 

Mas nunca é tarde. Talvez possamos enfrentar a nossa Batalha de El Alamein e vencê-la no próximo 2 de outubro. A partir daí, começarmos a derrotar os renhidos adversários de nosso crescimento e consolidação como país.

Que se apresentem os líderes com seus programas padrões de instrução, caracterizados em projetos de governo dignos de serem acolhidos por todos. Se nos convencerem, serviremos como força de acompanhamento e apoio para ajudar, estejam certos.

Paz e bem! 



*General de Divisão da Reserva


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