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'Quem comanda esse time é o presidente Bolsonaro', diz Mandetta após divergências

O ministro ainda que sua equipe está 'tranquila' para realizar um bom trabalho

Mandetta e BolsonaroMandetta e Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR

Após entrar em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro e chegar a estar ameaçado de demissão, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez nesta quarta-feira (8) um aceno a seu chefe e diz que quem comanda a equipe da resposta à crise do coronavírus no Brasil é o mandatário.

"Quem comanda esse time aqui é o presidente Jair Messias Bolsonaro", enfatizou Mandetta, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

O ministro ainda que sua equipe está "tranquila" para realizar um bom trabalho, reconheceu que houve problemas internos no governo e finalizou: "Estamos juntos".

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A declaração de Mandetta ocorreu em meio a comentários sobre a cloroquina, medicamento defendido por Bolsonaro e um dos pontos de atrito entre o ministério e o Planalto.

Enquanto o presidente quer que a substância seja administrada inclusive para casos menos graves, Mandetta tem resistido, destacado que existem efeitos colaterais e pedido que se aguardem mais estudos.

Durante a entrevista, o titular da Saúde fez outros gestos a Bolsonaro.

"O presidente da República em nenhum momento fez qualquer imposição para mim sobre cloroquina", disse Mandetta. Segundo ele, Bolsonaro entende que há "situações complexas" que precisam ser analisadas pelos conselhos de medicina no Brasil, apesar de defender o medicamento.

Mandetta afirmou ainda que pediu ao Conselho Federal de Medicina que haja um posicionamento da entidade até o próximo dia 20 sobre o uso desse medicamento para pacientes com o coronavírus -na reunião ministerial de segunda-feira (6) Bolsonaro pediu uma manifestação ao ministro da Saúde sobre a cloroquina até o final deste mês.

Principal rosto do combate ao Covid-19 no Brasil, Mandetta chegou a estar ameaçado de demissão. Além do uso da hidroxicloroquina, ele e Bolsonaro passaram as últimas semanas discordando sobre a extensão das políticas de isolamento.

O ministro acabou ficando no cargo por pressão da ala militar do governo e também por seu apoio popular e junto à cúpula do Congresso.

Fortalecido após vencer a queda de braço com Bolsonaro, Mandetta adotou um tom mais conciliador nesta terça-feira (7), o que foi interpretado por integrantes do Planalto como um sinal de busca de alinhamento.

Apesar desse movimento e da pressão interna e externa, auxiliares mantêm o discurso de que a demissão não está descartada, que Bolsonaro é imprevisível e continua insatisfeito com Mandetta. Os dois se reuniram novamente na manhã desta quarta-feira no Planalto.

De acordo com relatos de aliados do chefe da Saúde, Mandetta adotou um tom duro na reunião ministerial de segunda, defendendo a sua linha de atuação pautada nos atuais consensos científicos, o que é seguido pela maioria dos países. Depois, ele seguiu para o ministério e replicou a fala dura em um pronunciamento à imprensa.

Integrantes da ala militar avaliaram que Mandetta exagerou no tom dessa fala, ocasião em que, mesmo sem se referir diretamente a Bolsonaro, repetiu diversas vezes que iria se pautar exclusivamente pela ciência.

Entre outros recados endereçados a Bolsonaro o ministro citou ter lido o "Mito da Caverna" de Platão, gesto interpretado por aliados do presidente como uma provocação para que ele se livre das falsas interpretações que tem da realidade.

Por isso, esses integrantes do governo pediram a Mandetta que ele baixasse o tom. A solicitação, na avaliação de aliados do presidente, surtiu efeito.

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