Rede Mira: conheça projeto que oferece suporte à saude mental de mães atípícas da RMR
Rede Mira oferece apoio à saúde mental de mães atípicas, por meio de rodas de escuta com psicólogos e terapias comunitárias, além de fomentar o empreendedorismo
Com o objetivo de trazer visibilidade para os desafios enfrentados diariamente por mães atípicas, nasceu a Rede Mira - Mulheres e Identidades Restauradas por Apoio, sob a temática de "Quem cuida de quem cuida?". A iniciativa tem como foco o cuidado e a oferta de oportunidades, dando suporte à saúde mental das mães atípicas, além de fomentar a inovação e o empreendedorismo.
Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, nesta segunda-feira (14), a fundadora e gestora da Rede Mira, Sâmia Lacerda, explicou que o projeto surgiu a partir de um edital de inovação promovido pelo Porto Digital, Armazém da Criatividade e a Secretaria de Ciência e Tecnologia de Pernambuco.
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Rede Mira
O projeto venceu o desafio na categoria equidade de gênero com a seguinte proposta: "compartilhar a responsabilidade do trabalho de cuidado dentro da família e da sociedade".
“Eram quatro desafios, em quatro áreas da sociedade: segurança, empregabilidade, educação e equidade de gênero. Neste último, nós ganhamos em primeiro lugar apresentando uma solução para o desafio: 'Como compartilhar a responsabilidade do trabalho de cuidado sobre família e sociedade'”, contou a gestora.
“Este é um desafio muito importante, considerando que no Brasil, sobretudo no Nordeste, por conta do patriarcado que aqui ainda é muito pesado, um laço histórico que a gente carrega, o trabalho familiar está centrado na mulher. E quando a gente pensa nas mulheres que cuidam de pessoas com deficiência, que cuidam de pessoas autistas, esse trabalho é potencializado”, destacou Sâmia durante a entrevista.
Assim, a Rede Mira nasceu como resposta direta a esse cenário. Com um modelo de atuação inovador, a iniciativa oferece apoio à saúde mental de mães atípicas por meio de rodas de escuta com psicólogos e terapias comunitárias em formato de células descentralizadas, além de fomentar o empreendedorismo adaptado à realidade de cada mãe.
“Não estamos falando de abrir grandes empresas, e sim de sobrevivência com dignidade. Muitas dessas mulheres vivem apenas com o BPC dos filhos ou o Bolsa Família”, explicou.

Rede de apoio
A rede conta atualmente com 152 mulheres do Recife e Região Metropolitana que se fortalecem por meio de vínculos criados a partir da escuta e do acolhimento. De acordo com Sâmia, a expectativa é que o projeto se expanda para acolher também mulheres do Agreste e Sertão.
“Nosso carro-chefe é o acolhimento, o escutar, o abraçar. Hoje em dia, escutar nessa sociedade é tão difícil, sobretudo uma mulher que só vem falar de dores. É mostrar que ela é capaz. É entender que essa mulher precisa ser olhada para além do papel de mãe. Ela precisa voltar a ter nome, identidade”, afirmou Sâmia, que também é mãe atípica.
Durante a entrevista, Sâmia ressaltou a importância do cuidado com a saúde mental das mães atípicas, para que elas possam voltar a se enxergar como mulheres e também cuidar da saúde física e estética sem culpa.
“Essas mulheres, muitas vezes, acham que tirar 30 minutos para caminhar ou fazer a unha é pecado, que estão sendo egoístas. Quando, na verdade, estão fazendo um ato de amor por seus filhos. Porque se a cuidadora adoece, o sistema familiar inteiro adoece”, pontuou Sâmia. “A gente associa esse resgate da autoestima com a possibilidade de gerar renda”, afirmou.
A gestora aproveitou para deixar um recado à sociedade. “Ao invés de julgar, pergunte: ‘posso ficar com seu filho por 20 minutos para você respirar?' Uma atitude simples como essa pode salvar uma vida”.
Próximas ações
A Rede Mira também tem uma agenda de ações voltadas ao apoio direto às mães atípicas. A primeira dessas atividades acontece no dia 24 de abril, no Sebrae, na Ilha do Retiro, e será uma ação de autocuidado e empreendedorismo.
No dia 29 de abril, uma parceria com a Coordenadoria da Infância e Juventude, a Coordenadoria da Família e a Defensoria Pública de Pernambuco vai levar à sede do Centro Integrado da Criança e do Adolescente (CIGI), na rua João Fernandes Vieira, 405, na Boa Vista, uma ação de triagem jurídica.
“Vai ser um momento importante para que essas mulheres possam contar suas histórias e, com apoio de defensores e estudantes de Direito, iniciar processos para garantir os direitos dos filhos, como acesso a medicamentos, fraldas ou leite especializado”, explicou a gestora.
Para a ação, a Rede Mira está ofertando 30 vagas. Por isso, as interessadas em garantir a assistência precisam entrar em contato com o projeto e garantir a vaga com antecedência.
Já nos dias 5, 6 e 7 de maio, também no Sebrae, será realizado o primeiro Bazar Solidário da Rede Mira.
“Como qualquer outro projeto social, nós precisamos de recursos; para comprar nossos kits de autocuidado, para fazer o acolhimento dessas mulheres, às vezes para mandar dinheiro para comprar uma passagem de ônibus para uma mãe ir até o hospital onde o filho está internado. Parece tão pouco, mas é muito”, contou Sâmia.
Contato com a Rede Mira
Para entrar em contato com a Rede Mira, seja buscando acolhimento ou fazer uma doação, basta mandar uma mensagem no perfil @redemulheresmira (Instagram), pelo número (81) 99729-7892 (WhatsApp), ligar no telefone (81) 99693-7053 ou mandar um e-mail para: [email protected].
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“Recebemos muitas mensagens ao longo do dia, então às vezes demoramos a responder, mas a resposta vem. E, ao entrar em contato, a gente insere essa mãe em um grupo de WhatsApp para que ela passe a acompanhar de perto as ações”, diz a fundadora, que reforça: “Quando a gente está junto de mulheres que vivem a mesma coisa, a gente ri, a gente chora, mas a dor compartilhada é dor diluída”.